Diante da carestia e da fome provocada pela política econômica e social imposta pelo governo Bolsonaro, a revolta do povo brasileiro tem tomado às ruas de diferentes formas. Nos últimos dias as pilastras de sustentação do Elevado João Goulart, o famoso “Minhocão”, apareceram com lambes gigantes denunciando a fome e o descaso do presidente perante o sofrimento do povo.

Da rua General Jardim até a rua Jaguaribe, a arte presente nas colunas do minhocão denuncia a realidade do país. Os lambe-lambes traziam, junto com imagens do presidente da República em seus passeios de jet-ski, dizeres como “Tudo tá caro”, “fome”, “foda-se” e “crise”.

Próximo ao fim de seu mandato, o maior legado deixado por Bolsonaro é ter condenado mais de 33 milhões à fome. Em 2018, eram 10,3 milhões nessa situação.

A insegurança alimentar atinge ainda 125,2 milhões de pessoas, de acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). No primeiro levantamento, divulgado em abril de 2021, a Rede Penssan apontou que o número de brasileiros que não tinham o que comer era de 19 milhões em 2019.

As pichações, lambes e grafites políticos são uma ferramenta de denúncia potente, surgida na década de 1960, no contexto da ditadura militar. As inscrições eram simples, como forma de sintetizar a bandeira defendida e facilitar a comunicação e agitação, bem como por demandar agilidade para escapar da repressão policial. Essa forma de denúncia passou a fazer parte das formas de externalizar a revolta popular e a busca por direitos, sem que houvesse assinatura de quem as fez, apenas a ideia de contrariedade ao regime.

__