Enquanto Jair Bolsonaro tenta se eximir da responsabilidade pelos altos preços dos combustíveis, entidades do setor rebateram recentes declarações do presidente tentando culpabilizar os impostos estaduais e os revendedores pelo problema.

Em nota, a Fecombustíveis (Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes) afirmou que os postos “não são culpados pelos preços dos combustíveis no Brasil”. A entidade diz que o dólar, o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a carga tributária “fazem com que o combustível no país seja caro”.

O Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Distrito Federal (Sindicombustíveis), por sua vez, reagiu fazendo um balanço dos recentes reajustes: “desde novembro de 2020, a Petrobrás passou a realizar vários reajustes seguidos, foram no total 12 elevações de preços nas refinarias, que somaram 65% de aumento”. Segundo a entidade, o preço médio praticado nos postos da capital federal, no mesmo período, teve um acréscimo linear de 26,7%.

Além dos reajustes nas refinarias, o etanol anidro, que compõe em 27% a gasolina tipo C entregue aos consumidores, também sofreu elevação de 36% devido à quebra de safra.

“Portanto, fica numericamente claro que a revenda não tem nenhuma participação nesta elevação de preços dos combustíveis, mas apenas o repasse referente aos reajustes ocorridos em um mercado livre que sofre forte influência internacional dos preços do petróleo e da variação cambial no Brasil”, disse Paulo Tavares, presidente do Sindicombustíveis no DF.

Por decisão do governo central, no Brasil adota-se a política de “paridade internacional” – que, no meio da crise econômica e sanitária – faz com que os preços dos combustíveis fiquem à mercê das variações do mercado internacional e da taxa de câmbio, apesar da autossuficiência em petróleo e das condições de exploração e refino desenvolvidas pela Petrobrás.

Com os aumentos consecutivos, os caminhoneiros andam cada vez mais insatisfeitos com as condições de frete, a cadeia produtiva se mantém arrochada e repassando esse custo diretamente aos consumidores.

Considerando apenas a inflação da gasolina, seu preço passou a acumular alta de 40,32% nos últimos 12 meses.

Vendo a crise se avizinhar e a iminência de uma nova greve dos caminhoneiros, Bolsonaro decidiu fazer uma “dança das cadeiras” remover do cargo Roberto Castello Branco, até então presidente do Conselho da Petrobrás. Há três meses no comando, o general indicado por

Bolsonaro, Joaquim Silva e Luna, nada fez para resolver o problema. Desde que tomou posse, houve alta de 9,3% no preço médio do diesel, 7,2% no da gasolina comum e 8,2% no do gás de cozinha, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

O Sindicombustíveis, concorda que o importante é a revisão da política de preços e reajustes: “pois, com este modelo, os verdadeiros responsáveis são as crises econômicas e principalmente a pandemia pela constante elevação dos preços, tanto dos combustíveis fósseis quanto do gás de cozinha. E a população que já sente a inflação batendo recordes, irá sofrer cada vez mais”, completa o presidente do sindicato.