Ex-governador por três mandatos e candidato ao governo do Paraná, Roberto Requião (PT) abriu, nesta segunda-feira (15), uma série de entrevistas, transmitidas ao vivo pelas redes sociais, com postulantes aos Executivos estaduais, promovida pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé. Além do Portal Vermelho, participaram o Brasil 247, CartaCapital, TVT, Jornal Empoderado e Blog do Esmael.

Ao longo da entrevista, Requião falou sobre alguns dos principais temas do atual cenário político nacional e local. Com relação à gestão de Ratinho Jr. (PSD), que busca a reeleição com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL), declarou: “É um governo de fantasia, mas altamente publicitado”.

Requião salientou que o atual governador segue “como um ventríloquo as pregações e mantras do Guedes e quer privatizar o Paraná; é inimigo das escolas, dos professores, dos policiais, da saúde. O vezo é o do liberalismo selvagem, da desesperada privatização e da utilização do povo como objeto de mercado”. Para ele, “é preciso “derrotar Bolsonaro e o liberalismo selvagem”. E acrescentou: “sou candidato a preencher o vazio do governo do Paraná”.

Confira abaixo os principais trechos da conversa.

Governo estadual e grande mídia

Após explicar como desagradou os grandes grupos de mídia ao cortar verbas publicitárias durante seu governo, Requião analisou quais seriam as novas motivações para a falta de espaço que enfrenta ainda hoje nos veículos locais. “O Rato [governador Ratinho Jr.] colocou, neste ano, R$ 161 milhões para a publicidade no orçamento, uma farra. O Ratão, pai dele, tem 104 outorgas de antena de televisão e é dono do SBT, então, é uma parada dura, mas acho que esta eleição para mim é a mais fácil da minha história porque sou candidato não contra o Ratinho, filho do Ratão; sou candidato a preencher o vazio do governo do Paraná”, disse.

Energia e saneamento  

Com relação à Companhia Paranaense de Energia Elétrica (Copel), Requião salientou: “A Copel, nossa empresa de energia elétrica, fez uma reunião interna, do conselho de administração, e decidiu que ela deveria cobrar, sempre, a tarifa mais alta possível. A Copel tem sócios minoritários representados por fundos de pensão dos EUA (…). Eles estão mandando no governo do Rato e temos tarifas rigorosamente absurdas, a população está sendo roubada. Se eu vier a ser governador, rapidamente coloco na rua todos os diretores e presidente da Copel, da Sanepar [Companhia de Saneamento do Paraná] e coloco essas empresas, novamente, a trabalharem para o povo”.

Liberalismo selvagem

Roberto Requião também falou sobre a reprodução, no Paraná, da lógica privatista e de destruição do Estado aplicada nacionalmente por Bolsonaro e pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. “O governador segue, como um ventríloquo, as pregações e mantras do Guedes e quer privatizar o Paraná; é inimigo das escolas, dos professores, dos policiais, da saúde. O vezo é o do liberalismo selvagem, da desesperada privatização e da utilização do povo como objeto de mercado”.

Derrotar Bolsonaro

O ex-governador e ex-senador também destacou: “Sou muito duro com quem rouba o povo brasileiro, com as irregularidades que eu vejo nos governos e nas campanhas; tenho lealdade e uma fidelidade absolutas com o nosso povo, que está perdendo a dignidade, as garantias sociais, o emprego, a aposentadoria, o salário”.

E acrescentou: “Temos de derrotar o Bolsonaro e o liberalismo selvagem. Muita gente se aproxima do sucesso do Lula, pensando em transformá-lo na terceira via. Eu conheço o Lula pessoalmente e tenho a certeza de que isso não vai acontecer. Lula é hoje um líder nacionalista e sabe quem derrubou a Dilma e o colocou na cadeia”.

Polícia Militar

Com relação à violência policial, Requião destacou: “A PM do Brasil é repressiva, é organizada para agredir movimentos sociais e setores da sociedade que se revoltam contra a perda dos seus direitos (…). Quero uma PM protetiva da população e que investigue, jamais repressiva como é hoje. E quero que haja uma ligação profunda da PM com a população”.

Ele acrescentou que é preciso “acabar com essa loucura da polícia repressiva que se destina única e exclusivamente a servir ao liberalismo selvagem e impedir que o povo se manifeste quando vê seus direitos suprimidos”.

Inimigo da educação

Requião acrescentou ainda que “o governo (do Paraná) é inimigo da educação, quer a privatização do sistema, não faz concurso público, está terceirizando a contratação de funcionários. Nós mudamos pesadamente a educação. Fiz um pacto com os professores: se vocês nos derem o melhor ensino do Brasil, daremos as melhores condições salariais do país. E foi um sucesso. Criei a formação continuada dos professores. Viabilizei para que o professor saísse por um ano da escola e entrasse na formação continuada que montei nas universidades. No segundo ano, voltava para a escola, mas 25% do tempo ele continuava usando nessa formação continuada. Hoje faria muito mais do que isso: colocaria os professores na formação continuada logo depois de sua contratação e do concurso e estenderia para todos os agentes educacionais”.

Agronegócio e agricultura familiar

Com relação ao agronegócio e à agricultura familiar, Requião salientou: “A nossa produtividade hoje é igual ou superior à dos EUA, mas o agronegócio, que ajuda o Brasil a ter divisas para negociar com o mundo, está plantando dólar. Ele planta o que ele pode vender com o dólar valorizado e o real desvalorizado. E está faltando, no Brasil, arroz e feijão; está faltando soja e somos campeões na produção de soja”. Ele apontou que “o maior patrimônio que o Paraná tem é a famosa agricultura familiar, (…) que deve ter um apoio extraordinário (do estado) para o seu financiamento e fomento”.

Meu sonho, disse ainda, “é transformar a agricultura do Paraná num modelo para o Brasil e para o mundo inteiro por sua produtividade e diversidade”. E acrescentou: “O eixo do nosso governo é suprir a mesa do povo com a agricultura pequena e média. Agora, também respeitamos o agronegócio”.

Cassação de Renato Freitas

Embora tenha se posicionado contrário à manifestação do vereador Renato Freitas (PT) em igreja de Curitiba, que resultou na perda do mandato do parlamentar, Requião ressaltou que a decisão da Câmara Municipal foi motivada por racismo. “Ele foi cassado por ser negro, o que é resultado não da opinião pública do Paraná, mas desse processo bolsonarista que elegeu pessoas absolutamente desclassificadas do ponto de vista da evolução civilizatória”.

Armas de fogo

Com relação ao aumento no número de registros de armas de fogo sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), Requião afirmou: “Fui eu que, como governador puxei, no Brasil, a questão do desarmamento. Eu remunerava os policiais que apreendiam armas ilegais (…) Mas, o porte de armas regulamentado não é algo absolutamente execrável. Um sujeito que mora numa fazenda, numa propriedade longe, pode ter uma arma em casa. Porém, esse estímulo ao armamento, ao fuzilamento, esse comportamento do Bolsonaro que acabou, na minha opinião, levando ao assassinato do Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu, é absolutamente execrável”.

 

Por Priscila Lobregatte