Dilan passara a ser visto como um símbolo dos protestos; muitos fizeram orações e deixaram flores e velas em seu nome

Morreu o jovem que foi atingido em Bogotá por uma granada de gás lacrimogêneo lançada pela tropa de choque do regime quando se manifestava pacificamente no sábado, Dilan Cruz, que estaria se formando na última segunda-feira (25). Dilan tinha 18 anos e estudou o último ano escola Ricaurte IED, no sul da cidade. A notícia foi divulgada pelo Hospital San Ignacio à noite, causando enorme comoção. A Colômbia está convulsionada pelo pacotaço neoliberal e pela sabotagem ao processo de paz.

“Lamentamos informar que, apesar da atenção prestada durante esses dias, em nossa Unidade de Terapia Intensiva, Dilan Cruz, devido ao seu estado clínico, acaba de morrer”, afirmou o hospital em comunicado.

Dilan passara a ser visto como um símbolo dos protestos, e milhares de jovens foram até o centro médico, cantando “força, Dilan” e “somos todos Dilan” no domingo e no dia seguinte. Muitos fizeram orações e deixaram flores e velas em seu nome. As imagens do jovem caído na rua correram a Colômbia e até o presidente Ivan Duque disse lamentar a morte e se viu forçado a prometer “investigações”.

Seu irmão, Denis Cruz, recebeu muito emocionado o diploma de formatura dele. “Queremos que o que aconteceu com Dilan não seja mais perturbações, para criar mais violência, queremos que isso seja um gatilho para acabar com a violência, com todas as coisas ruins que estão acontecendo agora no país”, ele disse à beira das lágrimas, durante a cerimônia. “Assim como todo mundo, Dilan também quer paz”, concluiu.

Os colegas de escola de Dilan fizeram uma marcha silenciosa em homenagem a ele. Em Cali, é sério o estado de saúde do estudante Duván Villegas, que foi baleado durante o toque de recolher, e está sem mobilidade nas pernas. Oposição, entidades populares e grupos de direitos humanos denunciam que há no país “um número significativo de pessoas arbitrariamente detidas e gravemente feridas”.

Os senadores Iván Cépeda e Antonio Sanguino condenaram a truculência policial e expressaram sua “profunda preocupação” diante de um iminente decreto de “estado de comoção interna”, que ameaçaria as liberdades fundamentais e intensificaria os desmandos.

Após reunião com o presidente Duque, e diante da falta de compromisso do governo em atender as exigências populares o Comando da Greve convocou nova paralisação para esta quarta-feira. “Todas as ações de mobilização acordadas são mantidas. Hoje teremos mobilizações, panelaço ao meio-dia, velatón [protesto com velas] e panelaço à noite, paramos amanhã e continuaremos analisando as ações”, disse Diogenes Orjuela, presidente da Central Unitária dos Trabalhadores.