Regime de Ortega põe partido de oposição na ilegalidade
O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) da Nicarágua colocou na ilegalidade o partido Cidadãos pela Liberdade (CxL), que articulava uma frente de apoiadores opositores ao governo e à candidatura Ortega à reeleição com vistas ao pleito presidencial de 7 de novembro.
Como tem sido a praxe de Ortega no sentido de detonar todas as forças, mídia e candidaturas opositoras a decisão, tomada na última sexta-feira (6), “cancelou a personalidade jurídica” do CxL, colocando Ortega, de 75 anos – e no poder desde 2007 – mesmo em meio a um governo impopular com condições forjadas – violentando a democracia nicaraguense – de obter um quarto mandato sucessivo.
O CSE tomou a decisão logo depois que o Partido Liberal Constitucionalista (PLC), a segunda força parlamentar e que foi acusado de colaborar com o governo, lhe pediu, horas antes apenas, para anular o CxL.
A alegação encontrada pelo PLC para a violência é de que o CxL tem como presidenta nacional e representante legal Carmella Rogers Amburn, conhecida no âmbito político como Kitty Monterrey, pessoa que “tem dupla nacionalidade (estadunidense e nicaragüense), em notória violação à legislação”. Frente a esta suposta irregularidade, o PLC pediu ao CSE “declarar nulo tudo o que foi feito por este partido”.
O tribunal eleitoral, controlado por Ortega, também cancelou o registro da identidade da presidenta do CxL. Segundo o CSE, a presidenta desta agrupação “utilizou procedimentos irregulares” e “vem tendo comportamentos fora das condições e regulações técnicas legais para este tipo de organizações políticas”.
O CxL denunciou que, ao ter sua nacionalidade nicaraguense retirada, a presidente do partido fica ingressa no país como cidadã norte-americana, o que a deixa em situação de imigração complicada e sujeita a uma possível deportação.
A Nicarágua está mergulhada numa crise iniciada com os protestos sociais de 2018, quando a violenta ação de policiais e paramilitares deixou 328 mortos, mais de mil feridos, mil e 600 detidos e fez com que mais de 100 mil pessoas migrassem ou se exilassem, conforme a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).