O ministro da Saúde de Bolsonaro, Marcelo Queiroga

O ministro da Saúde de Bolsonaro, Marcelo Queiroga, que vem sendo chamado de “Pazuello de jaleco”, por sua submissão canina ao “mito”, se irritou com a pressão exercida pelos governadores para o início da vacinação das crianças. Bolsonaro não queria que elas fossem vacinadas e Queiroga, em obediência ao “chefe”, protelou ao máximo com reuniões e audiências públicas estapafúrdias.

Ele acusou o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), de “fazer palanque” com o início da vacinação infantil contra Covid-19 no país. João Doria, como já tinha feito no início da pandemia, não perdeu tempo e iniciou imediatamente a imunização das crianças do Estado.

Foi assim também com a CoronaVac, quando Bolsonaro impedia a vacinação dos brasileiros no início de 2021. Doria marcou a data do início da vacinação e obrigou o governo federal a agilizar o processo de aprovação das vacinas.

Insistindo na sabotagem à imunização das crianças, o ministro da Saúde, defendeu, nesta segunda-feira (17), que a vacina contra a Covid-19 não é necessária para o retorno presencial às escolas.

“As aulas devem acontecer, há segurança”, afirmou. Especialistas defendem que a vacinação contra a ômicron antes da volta às aulas é mais segura, já que as crianças podem não só serem acometidas pela doença como se tornarem vetores de transmissão para seus familiares.

Bolsonaro chegou a afirmar em uma entrevista que a nova variante era “bem-vinda” e que as mais de 300 crianças mortas pela Covid-19, desde o início da pandemia, “é um número pequeno, ou quase zero”. Ele informou que sua filha não será vacinada e recomendou que os pais não vacinem seus filhos.

A fala de Bolsonaro não foi bem recebida na sociedade, sendo rejeitada pela maioria dos brasileiros. Pesquisa do DataFolha, divulgada neste fim de semana, constatou que 79% da população querem vacinar seus filhos.

A sabotagem às crianças pelo governo brasileiro teve repercussão internacional. O diretor-executivo do programa de emergências em saúde da OMS (Organização Mundial da Saúde), Michael Ryan, rebateu a fala de Bolsonaro. “Este não é o momento de declarar que esse vírus é bem-vindo, nenhum vírus que mata pessoas é bem-vindo”, afirmou o diretor da OMS. A declaração de Ryan ocorreu logo após um jornalista ter lido, na entrevista coletiva da OMS desta quarta (12), a declaração do presidente Bolsonaro que minimizou a nova cepa.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que foi vice-presidente da CPI da Pandemia, defendeu a instalação de uma nova CPI da Pandemia para apurar esses fatos. “Não iremos assistir de braços cruzados a continuação da tragédia brasileira! Se a PGR não cumpre seu papel, o Senado vai cumprir. Não iremos ficar calados diante do aumento de casos de COVID-19, da disseminação da ômicron e a sabotagem da vacinação das crianças”, publicou o senador em suas redes sociais.

Em uma outra entrevista, ao site bolsonarista Gazeta Brasil, na quarta-feira (12), o presidente afirmou que a agência não apresentou um antídoto para supostos efeitos colaterais da vacina contra a Covid-19 destinada a crianças entre 5 a 11 anos. “A Anvisa não disse qual o antídoto para possíveis efeitos colaterais. Por que eu falo possíveis? Alguns já existem por aí. Você não comprovou, mas já existem”, alegou. No entanto, não há por parte das autoridades médicas e científicas qualquer recomendação nesse sentido.