Queimadas na cidade de Novo Progresso, no Pará

Os danos do chamado “dia do fogo” poderiam ter sido parcialmente evitados com um suporte policial para a ação que o Ibama pretendia fazer antes do ato, afirmou hoje o procurador da República Ricardo Negrini, que investiga uma possível omissão dos órgãos públicos no caso.
O chamado “dia do fogo”, que ficou internacionalmente conhecido, é investigado por suspeita de ter sido uma ação orquestrada para queimas de áreas na região amazônica, marcadas para 10 e 11 de agosto.
“Eu acredito que poderia ter sido mitigado. A informação sobre o ‘dia do fogo’ surgiu muito em cima da hora, então não sei se daria tempo para uma operação mais profunda que desarticulasse completamente o movimento”, disse o procurador.
“A partir do momento em que se faz as primeiras autuações e apreensões, é bem provável que outros responsáveis pelo incêndio fossem desestimulados e acabassem interrompendo essa atividade criminosa”, completou o representante do Ministério Público Federal em Belém, em entrevista à Reuters.
“Então, não faltam informações, nós temos muita informação. O que falta é gente para ir lá fiscalizar. Isso não tem realmente, tem muito pouco”, disse.
Negrini admite ainda que essa falta de fiscalização in loco prejudica posteriormente o trabalho do Ministério Público Federal de punir eventuais responsáveis. “Fica uma sensação de impunidade mesmo pela incapacidade de os órgãos públicos responderem à ocorrência do desmatamento. A gente sabe que está ocorrendo, mas não consegue responder a isso”, disse.
“Sem dúvida (prejudica o trabalho do MPF). Principalmente na área criminal a gente é muito dependente dos órgãos de fiscalização… para identificar quem é o responsável, quem são as pessoas envolvidas, para identificar quais foram os instrumentos realizados”, afirmou.
“Isso tudo a gente depende muito do Ibama, do ICMBio, da Sema, secretaria estadual. Então realmente o nosso trabalho acaba sendo de certa forma comprometido quando não existem fiscalizações suficientes”, afirmou.