O cosmonauta Yuri Gagarin

As sanções não puderam impedir a União Soviética de lançar Gagarin ao espaço, afirmou o presidente russo Vladimir Putin, no dia da Cosmonáutica, comemorado em 12 de abril, data em que Yuri se tornou o primeiro homem no espaço em 1961 e testemunhou que ‘a Terra é azul’.

“Em 1961, a União Soviética estava em completo isolamento do ponto de vista tecnológico. As sanções eram totais. No entanto, a União Soviética foi a primeira a lançar um satélite artificial da Terra… O primeiro cosmonauta é nosso. A primeira caminhada espacial… A primeira cosmonauta mulher… Deus a abençoe!”, disse Putin.

A declaração, voltada a enfatizar a capacidade tecnológica e científica russa, em meio à atual onda de sanções, foi feita por Putin, ao visitar o cosmódromo de Vostochny no extremo oriente, acompanhado pelo líder bielorrusso Alexander Lukashenko.

Ele convocou o povo russo a suplantar as recentes ‘sanções do inferno’ lançadas por Washington e súditos desde que a Rússia socorreu o Donbass – há oito anos ameaçado de limpeza étnica pelo regime de Kiev, infestado de neonazis -, e agiu de forma decisiva para deter a expansão da Otan e seus mísseis até as fronteiras russas.

“Ficamos viciados em tecnologias de outras pessoas, paramos de desenvolver nossas competências”, observou Putin, o que não contradiz, apontou, o interesse em cooperar com economias de alta tecnologia.

Segurança e soberania tecnológica

O cosmódromo ainda está em construção mas já opera parcialmente. Putin assinalou que, ao se responder aos desafios da exploração espacial, aqui na Terra fica mais fácil resolver eficazmente “os problemas do desenvolvimento nacional, segurança e soberania tecnológica”.

O presidente russo lembrou, ainda, dos passos “fora das regras”, dentro da estrutura que ainda opera na competição global, quando se busca a autossuficiência e o desenvolvimento científico e tecnológico.

O moderno jato de corpo simples MS-21 – “assim que avançamos com ele” – imediatamente o mercado de compósitos foi fechado para nós. Tudo para nos desacelerar, para que o produto não entrasse no mercado antes da Boeing”, exemplificou Putin.

“Temos que desenvolver nossas capacidades”, reiterou o líder russo, apontando que – mesmo com as sanções – “ninguém pode fechar todas as portas e janelas”.

Dia de triunfo

“E é simbólico que em 12 de abril, Dia da Cosmonáutica, estejamos aqui juntos, porque este dia – 12 de abril de 1961 – está ligado, é claro, a muita coisa na vida da antiga União Soviética, em nossa vida, no vida de nossas gerações”, destacou Putin.

“Este é o triunfo do nosso povo, relacionado com a saída do homem para o espaço, o primeiro voo tripulado para o espaço sideral. E é muito agradável que hoje, nas novas condições, estejamos falando da continuação dessa cooperação feita nas décadas anteriores, mas com base nos desenvolvimentos de hoje”.

“Refiro-me à criação de um novo satélite para sensoriamento de alta precisão da Terra, a criação no futuro de trabalhos conjuntos em motores de plasma que podem ser usados, este é um tema muito promissor e, claro, a construção do cosmódromo em si”, acrescentou Putin. Ele também anunciou a retomada do programa russo de exploração lunar.

“Precisamos de bons construtores, competentes e com boas capacidades tecnológicas. Graças aos seus esforços, tudo isso não apenas foi preservado na Bielorrússia, mas também está sendo desenvolvido ativamente e pode ser usado para resolver problemas comuns que, sem dúvida, beneficiarão o desenvolvimento de nossas economias e altas tecnologias em nossos países”.

As áreas de intercâmbio vão da energia nuclear aos semicondutores.

Lukashenko, por sua vez, destacou a importância do novo cosmódromo. “O Extremo Oriente fica longe, mas é nosso, e temos uma pátria, embora vivamos em dois Estados. Nós, ao contrário de algumas repúblicas, preservamos essa unidade e estamos determinados a fortalecê-la”.

“Aqui você não sente as sanções”

Sobre a data e seu significado, o presidente bielorrusso lembrou como “nos regozijamos então, vimos como nossos pais, como todo o povo se regozijou, e nos sentimos bem, e então aprendemos com isso, os patriotas cresceram. Era uma vida completamente diferente. Não era mais fácil do que agora, mas havia inspiração e união”.

“Eu me peguei pensando, você sabe, é importante que você não sinta sanções aqui. Você anda e não sente as sanções”, disse Lukashenko, sobre o significado do imenso cosmódromo. “É tudo nosso”, concordou Putin.

“Tudo é doméstico. As pessoas estão trabalhando, milhares de pessoas estão ocupadas nas instalações”, acrescentou Lukashenko, que agradeceu ao convite russo para que os irmãos bielorrussos participem do projeto de Vostochny.