Moscou defende concessões recíprocas entre Rússia e Otan para evitar corrida armamentista | Foto: reprodução

“Consideramos a retirada dos Estados Unidos do Tratado INF, que trouxe como resultado seu encerramento, um erro grave que aumenta os riscos de desencadear uma corrida armamentista de mísseis, intensificando o potencial de confronto e escorregando para uma escalada incontrolável”, afirmou o presidente da Rússia, Vladimir Putin, em declaração emitida pelo serviço de imprensa do Kremlin.

Para o presidente russo, “dada a tensão implacável entre a Rússia e a Otan, novas ameaças à segurança europeia estão se tornando evidentes”.

“O tratado desempenhou um papel especial na manutenção da previsibilidade e contenção na área dos mísseis no espaço europeu”, sublinha a declaração.

“Nestas condições são requeridos intensos esforços para reduzir a falta de confiança, fortalecer a estabilidade regional e global, bem como promover a diminuição dos riscos decorrentes de mal-entendidos e divergências na área dos mísseis”, alerta Putin, acrescentando que, tendo em conta as tensões entre a Otan e a Rússia, são evidentes as novas ameaças à segurança geral europeia.

Ele garantiu ainda que Moscou está pronta, de sua livre vontade, para não instalar mísseis 9M729 na parte europeia da Rússia, mas somente na condição de haver ações semelhantes por parte da Otan.

“Permanecendo comprometida com a posição consistente sobre a conformidade total do míssil 9M729 com os requisitos do Tratado INF, que deixa agora de vigorar, a Federação da Rússia, no entanto, está preparada, no espírito de boa-fé, para não instalar mísseis 9M729 na parte europeia do país, mas apenas na condição de haver medidas semelhantes dos países-membros da Otan excluindo a implementação na Europa de armas anteriormente proibidas pelo Tratado INF”, conclui o comunicado.

Os EUA abandonaram definitivamente o Tratado INF sobre a eliminação dos mísseis balísticos e de cruzeiro nucleares ou convencionais de alcance intermediário em agosto de 2019. Três semanas apenas após ter tomado esta medida, os EUA realizaram um teste com mísseis que estavam proibidos pelo documento, o que significa que desenvolveram esse armamento ainda durante a vigência do tratado.

O presidente russo também lembrou que Moscou foi obrigada a desenvolver armas hipersônicas após a retirada dos EUA do Tratado de Mísseis Antibalísticos (ABM).

“A retirada dos EUA do Tratado de Mísseis Antibalísticos em 2002 forçou a Rússia a iniciar o desenvolvimento de armas hipersônicas. Nós fomos obrigados a construir este armamento em resposta à implantação do sistema de mísseis estratégicos dos EUA, que em perspectiva seria capaz de neutralizar de fato, de zerar todas nossas capacidades nucleares”, disse Putin durante uma videoconferência com o construtor de mísseis Gerbert Efremov.