Professor Railton defende educação como política de Estado e resgate do PNE
O candidato a deputado federal pelo PCdoB de Goiás, professor Railton Nascimento que disputa uma das 17 vagas do estado para a Câmara dos Deputados, em entrevista à TV Vermelho na noite desta quinta-feira (1º/9) criticou a ausência de projetos políticos do governo Bolsonaro para a educação brasileira.
Para ele, o governo “atenta dia e noite contra a ordem democrática”. Disse ele: “Quem não respeita a democracia, não respeita direitos da cidadania, sejam eles políticos, sociais ou civis. E a educação se insere como um direto fundamental, um direito social do povo brasileiro”.
Professor universitário e docente do ensino médio da rede privada de Goiás, Railton Nascimento é formado em Filosofia. Em 2016 foi eleito presidente do Sindicato dos Professores de Goiás (Sinpro-GO) e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-GO). É membro do Conselho Estadual de Educação, mas está licenciado destes cargos.
Na entrevista, o professor classificou o governo Bolsonaro como “negacionista, anticiência e privatista”, ressaltando que o “governo trabalha para desmontar a educação e por isso, divide os cortes bilionários nos recursos da Educação, Ciência e Tecnologia”.
O candidato defendeu a reestruturação do Ministério da Educação (MEC), com programas estudantis e financiamento da pesquisa. “Quando o MEC que durante tanto tempo foi estruturado, ampliado, qualificado pelos governos progressistas e agora é totalmente desmontado, não é um acaso. É proposital. Porque é um governo que não tem compromisso com a formação da cidadania, com a consciência política de seu povo, com a formação da juventude”, disse, criticando o governo atual.
Plano Nacional de Educação
O Professor defende a eleição do presidente Lula para que se possa retomar “o Plano Nacional da Educação [PNE] que é muito avançado e que compreende educação não como política de governo, mas política de Estado que prevê claramente formação dos professores, valorização da carreira docente, o financiamento desde a creche até ao ensino superior do país”, considerou.
Defendeu também o fortalecimento da política do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). “Nós precisamos defender mais investimentos para a Educação que não é gasto. É investimento, e não cortes”, frisou o professor.
Segundo o candidato, é preciso ainda retomar políticas como o Reuni para reestruturar e expandir as universidades. “Fortalecer e criar novas universidades e institutos federais e garantir condições de pesquisa nas universidades públicas, porque um país só se industrializa e se desenvolve com pesquisa científica séria”, pontuou.
Defendeu também o Prouni [Programa Universidades Para Todos] que, segundo Railton, é fundamental para garantir o acesso e a permanência dos estudantes quem não têm acesso ao ensino público, mas privado – que domina mais de 80% da oferta do país.
Para o professor, a passagem de quatro ministros em menos de três anos e os escândalos de corrupção no Ministério da Educação (MEC) sob o governo Bolsonaro é a prova de que esse governo foi eleito em cima da mentira. “É lamentável, mas é de se esperar desse governo, de um governo sem compromisso com a ciência, com a educação. Por isso, que de fato, precisamos virar a página dessa história”.
Salário mínimo
O candidatou comentou ainda sobre o projeto de Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2023 enviado pelo Executivo ao Congresso Nacional essa semana que prevê um Auxílio Brasil de R$ 405 e sem correção da tabela do Imposto de Renda. Diferentemente das propostas apresentadas na campanha de Bolsonaro à reeleição. O professor observou que o governo Bolsonaro em todo o seu mandato não reajustou o salário mínimo com ganho real. “Esse é um governo que tem compromisso só com quem está no andar de cima, com a elite, com os banqueiros, com o sistema financeiro, não é com o pequeno, médio empresário e com o trabalhador, disse, parafraseando o discurso de Lula, lembrou Railton.
Desigualdade social
Sobre as dificuldades sofridas pelo povo goiano que convive com um dos maiores índices de desigualdade social do país, o candidato comentou que é preciso repensar o modelo econômico do estado.
“Goiás é uma das potências do chamado agronegócio, e nós sabemos a importância do agronegócio para a balança comercial, de fato cumpre papel fundamental, mas em primeiro lugar, o agronegócio precisa respeitar o parâmetro da sustentabilidade e também precisa reverter esse quadro de agravamento da desigualdade social”.
“Esse modelo de agronegócio que nós temos precisa ser repensado, porque é uma dinâmica de concentração de riqueza que não é distribuída. Precisamos pensar um outro modelo de agro desenvolvimento que distribui renda. A reforma agrária é fundamental, a agricultura familiar é fundamental. E uma coisa não exclui a outra”, pontou.
Para isso, o candidato defendeu a retomada de um projeto de desenvolvimento em Goiás, com geração de emprego de qualidade. Segundo ele, a maior parte da população é assalariada. “É um salário mínimo, um salário e meio na sua grande maioria e com essa política de desvalorização do salário mínimo, o povo não consegue ter uma vida digna”.
Federação
Sobre o cenário eleitoral em seu estado, o candidato a deputado federal, apresentou a Federação Brasil da Esperança – composta pelo PT, PCdoB e PV – e em Goiás, pelo PSB – que tem como candidato ao governo de Goiás, o ex-reitor da Pontifícia Universidade Católica (PUC), Wolmir Amado (PT) e como vice, Fernando Tibúrcio (PSB). E para completar a chapa, anunciou o professor, a ex-deputada estadual e ex-secretária estadual, Denise Carvalho (PCdoB), como candidata ao Senado. “Goiás tem a chance concreta e real de eleger uma mulher extremamente qualificada para o Senado. E nós estamos muito empenhados para isso”, completou.
Na entrevista, o candidato apresentou ainda a chapa do PCdoB para a disputa a deputado federal e à Assembleia Legislativa. Com dois candidatos federal e três estaduais. “Estamos muito esperançosos”, completou.
Professor Railton enumerou ainda suas propostas e temas que julga fundamentais numa eventual vitória para assumir uma das vagas na Câmara dos Deputados.
Confira a íntegra da entrevista: