“O ano de 2019 segue mais fraco que 2018”, afirmou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), ao analisar o resultado da produção industrial nacional divulgada pelo IBGE na última sexta-feira (1).

“Em setembro último, a produção industrial praticamente não avançou, registrando apenas +0,3% frente a agosto, já descontados os efeitos sazonais. Este tem sido o padrão de 2019: quando não há queda, a taxa de crescimento é baixa”, afirmou o IEDI, em nota no site.

O IEDI destacou que “a indústria completou em setembro de 2019 quatro trimestres seguidos de declínio de produção, ou seja, já faz um ano que o setor se encontra no vermelho. Muito disso se deve aos problemas no ramo extrativo, mas este não é o único fator negativo em ação. Como o IEDI vem alertando, muitos dos segmentos industriais que seguem crescendo perderam muito de seu dinamismo ao longo do ano. É nesse sentido que 2019 contribui pouco ou nada para a recuperação industrial”.

“Em outros termos, 2019 segue um ano mais fraco do que 2018. Não à toa, a indústria acumula variação de -1,4% no acumulado jan-set/19 ante jan-set/18”.

Desemprego e baixo rendimento

Entre os fatores apontados pelos empresários da indústria pelo resultado desastroso do setor estão “o elevado nível de desemprego e do perfil das novas ocupações que têm sido criadas, basicamente informais e de baixo rendimento. Daí, a massa de rendimentos reais, que funciona como base do consumo das famílias, crescer pouco. Como mostraram os dados da Pnad Contínua de ontem, a expansão da massa em set/19 foi a mais fraca desde o início da recuperação econômica de 2017”.

Sem mercado interno para expandir sua produção e venda e com as exportações baseadas em commodities, a indústria vê seus macrossetores industriais em queda ou desacelerando.

No terceiro trimestre deste ano a indústria geral recuou -1,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado. Segundo o IBGE, houve aumento na intensidade de perda na passagem do segundo trimestre (-0,8%) para o terceiro (-1,2%) trimestre de 2019, explicado, segundo os pesquisadores, pela queda de ritmo de três das quatro grandes categorias econômicas: bens de consumo duráveis (de 6,9% para 1,1%), bens de capital (de 5,0% para 1,1%) e bens de consumo semi e não-duráveis (de 1,6% para 0,8%). Bens intermediários continuaram em queda (de -3,0% para -2,4%).

O IEDI alerta que “os obstáculos não param por aí”. “Novas fontes de incerteza têm surgido com relativa frequência, com origem tanto no cenário internacional como na esfera política doméstica, dificultando uma reação mais consistente do investimento, já muito prejudicado pela elevada ociosidade do parque produtivo e por mudanças nos tradicionais mecanismos de financiamento de longo prazo do país”.

“Com isso, bens de capital também já não crescem como antigamente. Em jan-set/18 sua produção avançava +8,5% e agora em jan-set/19 não passa de +0,7% frente a igual período do ano anterior. Do 2º trim/19 para o 3º trim/19 seu dinamismo caiu de +5% para apenas +1,1%, devido a recuos em bens de capital para agricultura, transporte, construção e de uso misto”.

“Por fim, ao refletir parcialmente os problemas nas atividades extrativas, o macrossetor de bens intermediários cai desde o 4º trim/18, acumulando perda de -2,4% em jan-set/19. Uma queda de mesma magnitude (-2,4%) foi registrada no 3º trim/19, mas com causas que vão além do segmento de mineração. Também ficaram no vermelho intermediários têxteis, refino de petróleo e produção de álcool e celulose”.

Diante desse quadro, os empresários estão cada vez menos otimistas com o ano de 2019. Com os cortes nos investimentos públicos e o desmantelamento do principal banco de fomento do país, o BNDES, pelo atual governo, o crédito fica mais caro e mais díficil.

Contudo, Bolsonaro ainda ameaça romper relações com a Argentina, o maior parceiro comercial do Brasil na América do Sul, e enfraquecer o Mercosul, onde cerca de 95% de tudo que se exporta para o bloco são manufaturados.