A produção industrial física desabou – 5,9% em junho na comparação com junho de 2018. A queda de -0,6% na produção em junho em relação a maio (-0,1%) levou a indústria brasileira ao segundo mês negativo seguido. É o quarto resultado negativo no ano e o pior para meses de junho desde 2016.
Para o gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou a pesquisa nesta quinta-feira (1/8), André Macedo, “os resultados da indústria não têm nenhum sinal de uma recuperação no setor. Os sinais de junho não indicam qualquer possibilidade de uma reversão”.
Segundo os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgados também nesta data de hoje, há, preponderantemente, variações negativas na comparação com maio após os ajustes sazonais.
“Todos os indicadores, quando dessazonalizados, terminaram o semestre abaixo do registrado em dezembro do ano passado. Nessa comparação, o faturamento caiu 5%; horas trabalhadas, 0,5%; o emprego, 0,3%; massa salarial, 3,9%; e o rendimento médio, 2,1%. A Utilização da Capacidade Instalada, por sua vez, recuou 0,1 ponto percentual“, diz a CNI.
Na comparação com junho de 2018, a queda na produção industrial atingiu todas as grandes categorias econômicas, 20 das 26 atividades, 56 dos 79 grupos e 61,2% dos 805 produtos investigados, com destaque para Bens Intermediários (-6,4%) e Bens de Consumo Duráveis (-6,1%).
Na comparação com maio, a produção da indústria caiu em 17 das 26 atividades e em todas as grandes categorias econômicas de bens intermediários, de consumo e de capital.
Segundo o IBGE, com esse resultado, a indústria está 17,9% abaixo do recorde alcançado em maio de 2011.
No fechamento do segundo trimestre, o setor teve queda de -1%, na comparação com o mesmo trimestre de 2018. E no acumulado do ano, de janeiro a junho, a queda é de -1,6%.
A pesquisa apontou resultados negativos também nos últimos 12 meses, com recuo de -0,8%, mantendo a trajetória descendente iniciada em julho do ano passado.
Entre as 17 atividades que puxaram a produção para baixo em junho, na comparação com maio, estão produtos alimentícios (-2,1%), máquinas e equipamentos (-6,5%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%).
Essas três atividades representam cerca de um terço da produção total e seguiram o comportamento da indústria, com seu segundo mês de queda. “São segmentos importantes que precisam de uma demanda doméstica mais fortalecida e que são diretamente afetados por um mercado de trabalho ainda longe de uma recuperação consistente”, destacou André Macedo.
Na comparação com o mês de maio, quando houve perdas em todas as grandes categorias econômicas, a queda mais intensa foi de -1,2% em bens de consumo semi e não duráveis. As demais taxas negativas foram em bens de consumo duráveis (-0,6%), de capital (-0,4%) e intermediários (-0,3%).
Contudo, o governo Bolsonaro, além de tentar meter a mão no dinheiro dos aposentados, para entregar aos bancos, corta investimentos públicos e mantém os juros reais nas alturas – com a taxa Selic em 6%-, além de apresentar como solução para “impulsionar” a economia – o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço.
Como já dizia o empresário Mário Bernardini, diretor de Competitividade da Associação da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ), “a liberação de FGTS é band aid para caso que requer quimioterapia”.
Segundo Bernardini, tomando como base a liberação de recursos do FGTS e do PIS/Pasep no governo Temer, é sabido que metade dos recursos vai para pagar dívidas, “o que é muito bom porque desalavanca as famílias, e que só metade vai para o consumo”.
“Essa parte que vai para o consumo é muito pouco. Acho que isso é um band aid para um caso que precisa de quimioterapia. E a quimioterapia, neste caso, é investimento público em infraestrutura escolhendo aqueles setores que têm mais conteúdo em construção civil, que responde mais à fila do desemprego, e tocando as coisas que já estão prontas”, afirmou.