A produção industrial paulista recuou -1,4% em julho de 2019, na comparação com junho deste ano, segundo a Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta terça-feira (10). Além de São Paulo, sete dos quinze locais pesquisados pelo IBGE mostraram taxas negativas, acompanhando o recuo de -0,3% da indústria nacional na série com ajuste sazonal, pulicada no início deste mês (03).
O estado de São Paulo, que é o principal polo industrial do país, recuou pelo terceiro mês seguido e acumula queda entre maio e julho de -3,7%. Responsável por 34% da indústria, a produção em São Paulo caiu em todos os períodos analisados pelo instituto.
Julho 2019/Junho 2019: -1,4%; Julho 2019/Julho 2018: -2,7%; Acumulado Janeiro a Julho: -1,0%; Acumulado nos Últimos 12 Meses: -2,2%
“Os recuos mais acentuados foram no Amazonas (-6,2%) e em Pernambuco (-3,9%), com o primeiro local interrompendo dois meses consecutivos de alta, período em que acumulou crescimento de 2,6%; e o último marcando o terceiro resultado negativo seguido e acumulando perda de 8,6%. A região Nordeste (-2,6%), Rio Grande do Sul (-2,4%), Ceará (-1,5%), São Paulo (-1,4%) e Bahia (-1,3%) também recuaram abaixo da média nacional (-0,3%), enquanto Santa Catarina (-0,3%) completou o conjunto de locais com índices negativos em julho”, disse o IBGE.
A indústria brasileira, que não tem recebido incentivo nenhum do governo Bolsonaro, sofre com a inabilidade e desatinos deste governo. No início do ano, a perspectiva de crescimento do mercado financeiro era de 3,17% para produção indústria, e a projeção de alta para Produto Interno Bruto brasileiro (PIB) apontava para 2,5%. Entretanto, nestes 8 meses de governo, a economia brasileira empalideceu – diante da queda do consumo, de corte nos investimentos públicos, do altíssimo desemprego e do trabalho precário (informalidade) em alta – e as expectativas foram derrubadas, apontando para indústria retração de -0,29% em 2019 e 0,87% de alta para o PIB, segundo a última sondagem divulgada pelo Banco Central (BC).
De acordo com Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), “a indústria caminha para um ano sem crescimento”.
“A produção da indústria não cresce desde o final do ano passado, o que vem significando uma clara interrupção de sua trajetória de recuperação antes mesmo de sequer compensar aquilo que perdeu no triênio de crise 2014-2016. Depois de um primeiro semestre recessivo, a segunda metade de 2019 começou também no vermelho: -0,3% em julho frente a junho, já descontados os efeitos sazonais. Resultado disso é que o nível de produção do setor em julho de 2019 é o mesmo de abril de 2017, quando a indústria mal tinha voltado a crescer”, diz a nota do IEDI, divulgada na segunda-feira (9).
A entidade destaca ainda que nos últimos três meses o retrocesso industrial tem influência do “ramo manufatureiro, que registrou -0,8% em maio, -0,9% em junho e -0,5% em julho, ante o mês anterior”, e que em julho, “42% dos 26 ramos industriais acompanhados pelo IBGE ficaram no vermelho, incluindo atividades tanto exportadoras como mais associadas ao mercado doméstico, a exemplo de alimentos (-1,0% ante jun/19 com ajuste); têxteis (-1,3%) e madeira (-2,2%), outros produtos químicos (-2,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-2,6%) eletrônicos e informática (-3,3%) e bebidas (-4,0%). Sintoma da demanda interna fraca e da desaceleração do comércio internacional”.