Edifício-sede do Banco Central no Setor Bancário Norte, em lote doado pela Prefeitura de Brasília, em outubro de 1967

O Banco Central divulgou na quinta-feira (13) o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-br) de março, que em relação a fevereiro caiu 1,59%. No acumulado em 12 meses, o IBC-Br tem queda de 3,37%.

Ainda que com alguns parâmetros diferentes, o indicador é publicado mensalmente pelo Banco Central (BC) e considerado uma prévia do PIB oficial, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a cada trimestre.

Em março na comparação com o mês anterior, o setor de serviço caiu 4,0% e voltou ao patamar pré-pandemia, a produção industrial nacional recuou 2,4% e as vendas do comércio varejista 0,6%.

Esse resultado do IBC-Br quebra uma sequência de dez meses de altas e se for confirmado nova baixa em abril, pode indicar a reversão da tendência de uma incipiente recuperação da economia, já estagnada antes da pandemia e agravada pela crise sanitária, “recuperação” embalada pelo conjunto de benefícios que foram levados a efeitos pelo governo federal depois da enorme pressão da sociedade e do Congresso.

Entre eles, o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e o Auxílio Emergencial, apontado como decisivo para impedir um colapso ainda maior da economia no ano passado que registrou queda no Produto Interno Bruto de menos 4,1%.

Os comparativos que vinham sendo considerados como indicadores dessa recuperação alardeada são os 2,3% a mais no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2020 e a alta de 2,27% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

Há vários indicadores que a recuperação, ainda que desejada, não parece ser tão certa como alguns analistas e principalmente o governo, através de Guedes que com a sua teoria de recuperação em “V”, tanto insiste em dizer que está acontecendo.

O desemprego formal, apesar dos recentes números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que perderam, em grande parte, sua credibilidade não são animadores. Patrícia Pelatieri, diretora do Dieese, aponta que as mudanças no novo Caged subestimam o fechamento de vagas das empresas que estão falindo, entre outras a alterações

Segundo o IBGE, o número de desempregado no país aproxima-se de 15 milhões de brasileiros, entre 33 milhões que procuram emprego e não encontram. Vivendo na extrema pobreza estão mais de 20 milhões de brasileiros.

Sem a redução efetiva do desemprego e a melhoria da renda não há economia que possa retomar

algum nível de atividade e é impensável para uma recuperação econômica. O argumento de que o emprego é o último fator de uma retomada econômica é frágil e contraditório.

É preciso considerar, ainda, que famílias e empresas que, estão resistindo à crise aberta que vivemos, estão cada vez mais com o fôlego curto, especialmente pelo despautério do governo, que praticamente não renovou os tão necessários incentivos à economia ou o fez de modo insignificante.

Nesse assunto, em sentido contrário ao que fizeram os países ricos, com destaque os Estados Unidos, que inclusive com emissão de moeda, aos trilhões, vêm conseguindo dar sentido à recuperação de suas economias.

Entre os mais atingidos e que gera grande número de empregos, o setor de bares e restaurantes são um exemplo do que estamos afirmando.

“Uma nova pesquisa da série Covid-19 , realizada pela Associação Nacional de Restaurantes (ANR ), em parceria com a consultoria Galunion, especializada no mercado de restaurantes, e com o Instituto Foodservice Brasil (IFB), mostra um alto nível de endividamento das empresas do setor na pandemia: 71% dos bares e restaurantes afirmam ter dívidas.

Desse total, 79% devem para bancos, 54% estão com impostos em atraso e 37% têm débitos com fornecedores. A pesquisa, feita entre 9 de abril e 5 de maio, contou com 650 empresas de diversos perfis, de redes a independentes, de todos os estados brasileiros”, conforme Brasil Econômico (13/05/21).