Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

Após dois meses sem divulgar o indicador por conta da greve dos servidores, o Banco Central informou nesta quinta-feira (7) que o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) caiu 0,44% em abril. O último dado divulgado apontava ainda uma ligeira alta, de 0,34% em fevereiro. O IBC-Br é conhecido como a prévia do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país. E a inversão de tendência do indicador reforça os crescentes temores de uma recessão mundial, aprofundada pelo movimento de alta dos juros pelo Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos), diante de um cenário já incerto para a economia internacional, por conta da guerra na Ucrânia.

Na ata em que explica a decisão de aumento dos juros em sua última reunião, divulgada nesta semana, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, da sigla em inglês) reafirmou que “está altamente atento aos riscos inflacionários, deixando claro que irá continuar a elevar a taxa básica da economia americana. Quando as taxas sobem nos EUA, acontece um movimento de alta global. As autoridades monetárias nos demais países, para atraírem investidores para os seus títulos da dívida pública, também elevam as taxas, acima das norte-americanas.

No Brasil, onde o Banco Central pratica a maior taxa real (descontada a inflação) do mundo, o movimento de alta pelo Fed acaba acentuando ainda mais a trajetória ascendente da Selic, a taxa de juros básica da economia. Os brasileiros já não estão conseguindo arcar com as despesas do cartão de crédito, tendo crescido a inadimplência com o setor bancário. Com a alta da carestia, a população vem se endividando, inclusive, para conseguir comprar alimentos no supermercado.

O poder de compra da população diminui, em um momento em que o desemprego segue elevado e há uma queda no rendimento médio real – situação que não irá ser revertida com as altas taxas de juros praticadas no país. “O Comitê avalia que a atividade deve desacelerar nos próximos trimestres quando os impactos defasados da política monetária se fizerem mais presentes”, apontou o Comitê de Política Monetária (Copom) na ata de sua última reunião, em que menciona a situação internacional.

A Selic em alta, além de encarecer o crédito para os consumidores, eleva as taxas para as empresas. A capacidade de investimento pelos empresários diminui, impedindo a expansão do emprego e, consequentemente, da renda e do consumo e, portanto, a recuperação consistente da atividade econômica brasileira.