Presidente dos EUA assina Plano Emergencial de US$ 1,9 trilhão
O pacote de ajuda emergencial de US$ 1,9 trilhão de alívio da pandemia da Covid-19, recém aprovado pelo Congresso dos EUA sem um voto sequer dos republicanos, foi assinado pelo presidente Joe Biden na quinta-feira (11), que disse que a “lei histórica” vai “reconstruir a espinha dorsal” do país e dar às pessoas “uma chance de lutar.”
No conjunto, o plano implica em gastos equivalentes a quase um décimo do PIB norte-americano e, segundo Biden, resultará na criação de cerca de seis milhões de empregos e aumento do PIB em US$ 1 trilhão. Os cheques de US$ 1.400 já começarão a chegar aos lares norte-americanos a partir deste fim de semana, anunciou a Casa Branca.
No dia da assinatura, os EUA alcançaram a tétrica marca de mais de 529.400 norte-americanos mortos pela Covid-19 e 29 milhões de infectados – enquanto o número de vacinados superou os 90 milhões.
Foi uma maratona de oito semanas no Congresso, até vencer as obstruções e manobras dos trumpistas e aprovar a Lei do Resgate Americano.
As principais disposições da lei incluem pagamentos diretos a cerca de 280 milhões de americanos, incluindo crianças e adultos dependentes, de cheques de US$ 1.400 – 85% das famílias -; uma extensão até 6 de setembro da ajuda suplementar de US$ 300 semanal do seguro-desemprego; uma expansão de um ano do crédito tributário infantil (de até US$ 3.600 por criança), que os especialistas estimam que reduzirá a pobreza infantil pela metade; US$ 350 bilhões em ajuda aos governos estaduais e locais; financiamento adicional para a reabertura das escolas do ensino fundamental (K12), para a vacinação e para as pequenas empresas duramente atingidas pela pandemia.
“Virada”
Milhões de pais receberão US$ 3.600 por ano por filho, registrou o Washington Post. “Para as mães que trabalham, é uma ‘virada total’”. A lei permite que os US$ 3.600 sejam recebidos mensalmente, em parcelas de US$ 300.
O Urban Institute avaliou que o plano emergencial irá tirar até 16 milhões da pobreza nos EUA. Como enfatizou a presidente da Câmara dos deputados, Nancy Pelosi, os números “falam por si” sobre a gravidade da crise em curso nos EUA. “18 milhões de americanos desempregados. 24 milhões de pessoas estão passando fome”. O PIB retrocedeu 3,5%.
“Com políticas ousadas como esta, podemos transformar a vida de milhões de pessoas em todo o país”, postou a deputada democrata Pramila Jayapal, presidente da Bancada Progressista do Congresso.
“A escala e o impacto desta legislação não devem ser desconsiderados”, saudou uma coalizão de entidades e grupos pró-direitos. “Como a pandemia revelou e exacerbou as lacunas em nossa rede de segurança social, esperamos que os programas temporários que irão reduzir drasticamente a pobreza nos próximos dois anos, como o crédito fiscal para as crianças, se tornem permanentes.”
Ficou patente o comportamento antissocial dos republicanos, com zero voto a favor do pacote de socorro a 280 milhões de norte-americanos.
Logo eles, que quando se trata de abrir as comportas para as corporações, bancos e magnatas, sempre são tão prestativos e ágeis – como os US$ 1,5 trilhão gentilmente doados a essa gente por meio da renúncia fiscal no governo Trump.
Um senador republicano retardou por 11 horas a aprovação do pacote, forçando a leitura da lei em plenário. Outro se dispôs a sabotar a aprovação “até o infinito”. Mesma coisa na votação final na Câmara. O presidente do Comitê de Normas da Casa, Jim McGovern, chamou de “inescrupulosa” a atuação dos trumpistas para atrasarem a ajuda, de que há “necessidade desesperada, inclusive dos eleitores deles”.
Quadro em que se explica alguns retrocessos em relação ao plano inicial, que incluía o aumento do salário mínimo para US$ 15 a hora (está congelado há mais de uma década). Ou a redução do valor do suplemento semanal do seguro-desemprego de US$ 400 para US$ 300.
Sinal dos tempos
Na avaliação do jornal progressista People’s World, “depois de mais de 40 anos de domínio de nossa vida econômica e política, a ideologia extrema do neoliberalismo está começando a mostrar algumas rachaduras sérias. Políticas de ‘gotejamento’, que durante décadas empurraram dinheiro para o topo à custa dos de baixo, estão se desintegrando e dando lugar a uma nova disposição dos governos de gastar dinheiro para beneficiar diretamente a ampla população e a economia”.
Por muito tempo, acrescentou, essencialmente desde a criação do Medicare e do Medicaid no final dos anos 1960 durante a ‘Guerra contra a Pobreza’, isso “simplesmente não aconteceu”.
“Essas políticas e a ideologia por trás delas estão agora sob pressão, e a Lei de Resgate Americano de US$ 1,9 trilhão que se tornou lei é a prova mais recente e flagrante dessa mudança”, sublinhou a publicação.
“Gastar dinheiro diretamente nas necessidades imediatas das pessoas não é mais um tabu. Isso já acontecia antes da aprovação do pacote de resgate econômico de Biden, mas agora é ainda mais óbvio”.
Assinalando que Margaret Thatcher e Ronald Reagan estariam “se revirando em seus túmulos”, o WP lembrou como o poder de controlar as finanças públicas “foi gradualmente retirado dos órgãos democráticos eleitos, como o Congresso ou os parlamentos, e entregue a banqueiros centrais não eleitos”.
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