Luis Arce e o vice David Choquehuanca com o povo na praça, após a posse.

O presidente eleito da Bolívia, Luis Arce, tomou posse na Assembleia Legislativa Plurinacional neste domingo em clima de festa e com ampla participação popular nos arredores da Assembleia.

“Irmão Luis, o convido a que passe à frente para proceder ao juramento de presidente e à colocação da medalha e faixa presidencial”, disse o vice-presidente eleito, David Choquehuanca, que o empossou no cargo em substituição da presidente de fato, Jeanine Añez, que não compareceu à cerimônia oficial e se ausentou da cidade.

“Neste 8 de novembro de 2020 iniciamos uma nova etapa em nossa história e queremos fazê-lo com um Governo que seja para todas e todos, sem discriminação de nenhuma natureza, nosso Governo buscará em todo momento reconstruir nossa pátria em unidade para viver em paz”, afirmou Arce em seu primeiro discurso como presidente.

“Somos maioria. Chegamos aqui com o voto de uma população que quer a democracia para todos. Vamos corrigir os erros e aprofundar os acertos dos nossos governos”, ressaltou Arce. “É o voto de um povo que não quer o bem-estar para poucos, mas para todos, que não quer a alegria para poucos, mas para todos”, acrescentou.

O presidente lembrou as palavras do líder revolucionário, Marcelo Quiroga Santa Cruz, sobre que “não é o ódio o que impulsiona nossos atos, mas uma paixão pela justiça”.

Cercado pelos parlamentares que tomaram posse na semana passada e por convidados nacionais e internacionais, Arce ressaltou que um dos principais desafios de sua gestão será reconstruir a economia nacional, que atualmente enfrenta uma profunda recessão, só comparável com a crise dos 80′ e que, no primeiro semestre de 2020, registrou uma queda de 11,1%.

Luis Arce afirmou que o governo transitório de Jeanine Áñez deixou uma economia afundada em uma profunda crise e com um déficit fiscal que chega a 12,1%.

“Aumentou o desemprego, a pobreza e as desigualdades, temos diante de nós o grande desafio de voltar a reconstruir nossa economia, de gerar confiança, de gerar crescimento com a redistribuição de renda, de reduzir as desigualdades econômicas e sociais”, sublinhou Arce, em seu pronunciamento.

Questionou a administração de Jeanine Áñez e assinalou que em só um ano, a Bolívia passou de liderar o crescimento econômico na América do Sul, a apresentar a queda más forte dos últimos 40 anos.

“O governo de fato deixa uma economia com cifras que não se viam nem numa das piores crises que se viveram na Bolívia, na década de 80 do século passado”, registrou.

“Hoje estamos aqui para enviar uma mensagem de esperança a todas as nações que conformam a Bolívia, essas mulheres e homens valentes que saem dia após dia a lutar para superar esta difícil situação. Por isso, daremos continuidade à construção de uma economia plural e diversa que recupere e fortaleça todo o potencial que temos”, enfatizou.

O vice-presidente Davi Choquehuanca também dirigiu-se ao país em seu pronunciamento: “Irmãos, os bolivianos devemos superar a divisão, o ódio, o racismo, a discriminação entre compatriotas, já não mais perseguição à liberdade de expressão, já não mais judicialização da política”.

“O novo tempo significa escutar a mensagem de nossos povos que vêm do fundo de seus corações, significa sarar feridas, olhar-nos com respeito, recuperar a pátria, sonhar juntos, construir irmandade, harmonia, integração, esperança para garantir a paz e a felicidade das novas gerações”, concluiu Choquehuanca.

Depois do meio-dia, o  presidente Luis Arce e o vice-presidente David Choquehuanca foram homenageados com um desfile cívico-militar que se realizou na praça Murillo.

Milhares de pessoas participaram com cartazes, faixas, bandas de música convocadas pela Central Obreira Boliviana (COB), centrais sindicais de vários departamentos [estados], organizações sociais do país, a Coordenadora Regional de Pais e Mães de Família da cidade de El Alto, a Confederação Nacional de Mulheres Camponesas Indígenas Originárias da Bolívia Bartolina Sisa, entidades de professores, assim como sindicatos mineiros e outras organizações.