Primeiro-ministro António Costa celebra a vitória - foto Jon Nazca - Reuters

Ao se contrapor ao regime de arrocho que a Troika (FMI, BC da Europa e Comissão Europeia) impuseram aos portugueses nos mandatos da direita neoliberal, o governo composto pelo Partido Socialista, Bloco de Esquerda, Partido Comunista e Verdes, foi reeleito e ampliou a vantagem sobre os adversários.

Em 2015, os socialistas eram 86 parlamentares, enquanto que agora obtiveram 106 cadeiras. Já os direitistas do PSD que indicaram Rui Rio como candidato, foram fragorosamente derrotados e caíram de 107 cadeiras em 2015, para 77 nestas eleições.

O mais contemplado pelos eleitores no pleito deste domingo foi o Partido Socialista que, nas eleições anteriores, de 2015, obteve 32,31% dos votos e ficou em segundo lugar e, agora, chegou em primeiro, crescendo para receber 36,35% dos votos válidos. No conjunto, os votantes conferiram aos partidos que compuseram o governo dirigido pelo ministro António Costa, 52,78% dos votos, quando em 2015, estas mesmas agremiações perfizeram 50,78%.

Ainda que não tenha rompido com todas as imposições da Troika, Costa, que presidiu um governo de um bloco que os adversários diziam que não iria funcionar (apelidando esta coalizão de ‘Geringonça’), desafiou algumas das imposições, negando-se a demitir em massa e elevando o salário mínimo de forma constante durante os quatro anos em que governou, passando de 505 para 600 euros.

O desemprego graças a obras de infraestrutura e avanço no setor de turismo, foi reduzido pela metade e o país – que do ano 2000 até 2015, cresceu abaixo da média da Zona do Euro, à exceção do ano de 2009 – teve crescimento, ainda que sofrível, acima da média desta região europeia: em 2016, 2.0% contra 1,9%; 2017, 3,5% contra 2,4% e 2018, 2,4% contra 1,8%

Agora, o líder dos socialistas, António Costa, que chegou à sede do partido para celebrar a vitória sob aplausos e palavras de ordem saudando o 25 de Abril [data da Revolução dos Cravos que derrubou a ditadura portuguesa], “25 de Abril vive” e “Fascismo não”, declarou:  “As pessoas gostaram da Geringonça”.

Apesar do avanço em número de votos e deputados, a votação não lhes foi suficiente para a obtenção da maioria absoluta, 116 de um total de 230 assentos, e o PS terá que formar um governo de aliança novamente.

A líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ressaltou que sem a participação do BE, os socialistas não terão a condição de levar adiante medidas que considera fundamentais: “Elevação dos salários, diminuição do período de contribuição para a aposentadoria, enfrentamento da crise da habitação e avanços no Serviço Nacional de Saúde”.

O PCP, que perdeu votos – provavelmente porque o governo que integrou ficou aquém das medidas prometidas pelos comunistas portugueses –, assumiu a perda (sua bancada caiu de 17 para 12 deputados).

O líder do PCP, Jerónimo de Sousa, declarou que seu partido só participará de um novo governo com os socialistas caso sejam adotadas medidas de enfrentamento a imposições encabeçadas pelo FMI que ainda emperram o crescimento do país com mais justiça social e igualdade.

Ele elencou entre as que “considera positivas” o aumento imediato de 41,7% no salário mínimo, que deve passar dos atuais 600 para 850 euros; o fim das medidas da ‘reforma trabalhista’ impostas pela Troika e adotadas nos governos anteriores; da mesma forma, a reposição dos direitos previdenciários subtraídos anteriormente e a determinação de 40 anos para o tempo de contribuição para a aposentadoria”.

Jerónimo ressaltou ainda a defesa da “universalização das creches públicas gratuitas para crianças até os 3 anos de idade, solução da falta de habitações, investimento no Serviço Nacional de Saúde, mais investimento em Cultura, proteção da natureza, meio ambiente e equilíbrio ecológico”.

Além destes principais resultados, registrou-se o crescimento de alguns pequenos partidos, sendo o que obteve melhor resultado, dentre os pequenos, o PAN (Pessoas-Animais-Natureza) que passou de um deputado para uma bancada de 4 parlamentares.