Portugal fecha escolas diante do agravamento da pandemia
Depois de ser apontado como “exemplo” internacional no combate à pandemia do coronavírus, o governo de Portugal tentou reabrir creches, escolas e universidades, mas a realidade se impôs com a eloquência dos números que impuseram o imediato fechamento.
Como uma terceira onda de Covid-19 que veio para ficar, a segunda quinzena no final de janeiro somou mais de 42% dos contágios e quase 45% do total de óbitos. Ou seja, um país de 10,1 milhões de habitantes que havia registrado 6.906 mortes entre março e dezembro do ano passado, em somente 31 dias contabilizou 5.576 óbitos. Uma tragédia.
Com a epidemia totalmente sem controle, o país viu o horror crescer na capital, Lisboa, e nas pequenas cidades, passando a ter o maior número mundial de novos casos diários por milhão de habitantes, segundo a Universidade Johns Hopkins.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação e o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados pelos Politécnicos e Universidades, não restou outro caminho senão o fechamento das unidades. “Foi devido ao agravamento exponencial, nas últimas semanas, da situação epidemiológica, com incidência significativa no número de casos de contágio no meio escolar”, frisaram. O imediato encerramento das atividades escolares, reiteraram, ocorreu “por razões imperiosas de contenção da pandemia e da saúde pública”.
Diante da iminência da catástrofe a da mobilização da sociedade, o primeiro-ministro, António Costa, teve uma reunião de urgência com as ministras da Saúde, Marta Temido, da Previdência, Mariana Vieira da Silva, e vários especialistas para anunciar a necessidade da medida.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, destacou que, neste momento, há uma preocupação especial com a variante britânica, “saber se o contágio está chegando às escolas e o ritmo que ameaça à atividade normal, para saber como teremos de atuar”.
Para o primeiro-ministro António Costa, essa é questão chave: redobrar a atenção, pois estamos lidando com vidas e, por outro lado, “não esquecer o custo social no processo de aprendizagem das crianças com o fechamento dos colégios”.
A vacinação contra a Covid-19 nos idosos com 80 anos ou mais e entre 50 e 79 anos que tenham comorbidades inicia nesta semana e abrange também os profissionais de saúde diretamente envolvidos na prestação de cuidados a doentes, funcionários e atendentes de lares de idosos e da rede nacional de cuidados continuados integrados, assim como elementos das forças armadas, das forças de segurança, de serviços críticos e titulares de órgãos de soberania e altas entidades públicas. O objetivo é vacinar 80% das pessoas com mais de 80 anos até março.
O comissário europeu para Gestão de Crises, Janez Lenarcic, assinalou que “o Centro de Coordenação de Resposta a Emergências acompanha de perto a situação crítica relacionada com a pandemia em Portugal e está pronto a ajudar caso o país necessite de assistência”.
O Produto Interno Bruto (PIB) português recuou 7,6% em 2020, afetado pela queda do consumo das famílias e pela retração “sem precedentes” do turismo.