Foto: Danilo Christidis

A candidata do PCdoB à Prefeitura de Porto Alegre, Manuela d’Ávila, concedeu entrevista por vídeo ao Jornal do Comércio, neste domingo (18), na qual falou sobre suas propostas prioritárias para a cidade superar problemas como desemprego e evasão escolar, que não são novos, mas pioraram neste ano.

“Nós temos, por exemplo, 18% dos nossos desempregados que buscam trabalho há mais de dois anos de forma contínua, ou seja, o próximo prefeito — e eu trabalho muito para ser a primeira prefeita da cidade — terá o desafio de lidar com uma cidade que foi abandonada, que não foi governada nos últimos três anos e meio”, explicou.

Manuela destacou quatro prioridades para a primeira etapa de governo. “[Miguel] Rossetto [candidato a vice] e eu definimos que nossa prioridade número um é a construção da gestão própria para que Porto Alegre tenha vacina. Lamentavelmente, o SUS não tem feito essa gestão nacionalmente, alguns estados do Nordeste e São Paulo fizeram gestão própria com laboratórios de outros países, inclusive a China, e eu quero, já a partir de 30 de novembro, negociar diretamente com os laboratórios, com os países produtores da vacina, a vacinação de nossa cidade”.

O segundo aspecto levantado pela candidata diz respeito à geração de emprego, trabalho e renda. “Temos 224 mil pessoas que vivem hoje com a renda emergencial na nossa cidade — me refiro somente aos que recebem diretamente e não aos dependentes dessas pessoas”, disse, lembrando quem em primeiro de janeiro, essa renda vai ser cortada. “Então, precisamos ter uma política muito séria de enfrentamento ao tema. Desenhamos como eixos centrais do nosso programa de governo uma política estrutural de concessão de microcrédito para os pequenos e médios empresários, para as pessoas que precisam sair da nagativação do seu nome”, explicou. A proposta tem como base a criação de um fundo garantidor de 15 milhões de reais, “o que não é algo impossível para a prefeitura, é razoavelmente simples, e podemos alcançar 200 milhões de créditos”, disse.

Além disso, Manuela destacou as compras públicas governamentais como forma de estimular a economia. “Segundo o Sebrae, hoje, somente 8% das compras da cidade são feitas dos pequenos, dos locais. Acreditamos no que tem sido chamado pelo mundo de economia do comum, de fazer com que as contas públicas sejam ampliadas em até 20% para os micros, os pequenos, os produtores locais e com isso garantir a injeção de 340 milhões de reais na economia da cidade”, afirmou. A candidata apontou ainda que o programa de governo também estabelece uma proposta de aliviar as contas dos empresários da cidade a partir da não aplicação do aumento da tarifa do IPTU previsto para 2021.

No que diz respeito à educação, Manuela colocou como principal prioridade a recuperação do ano letivo de 2020. “O Conselho Nacional de Educação preconiza que 2021 ainda seja um ano de ensino híbrido, com a busca de adensamento dos dois anos letivos” lembrou. Neste sentido, o acesso à internet é tema fundamental. “Hoje, 88% das crianças da rede municipal de Porto Alegre não têm acesso à internet. Então, estamos falando de uma penalidade que não é apenas a da perda de conteúdo, estamos falando de um ato contínuo de exclusão, de afastamento da escola”. Para lidar com a questão, Manuela defende a realização de um programa, junto com a Procempa (Companhia de Processamento de Dados de Porto Alegre), para a criação de mil pontos de wifi na cidade, começando por escolas e postos de saúde e seu entorno.

Manuela enfatizou ainda a necessidade urgente de combater a evasão escolar e o trabalho infantil associado a ela. “Nossa política de renda emergencial, renda cidadã, é vinculada à primeira infância justamente por isso: achamos que a gente pode garantir que até 30 mil crianças sejam atendidas com uma política de renda cidadã e com isso, não evadam da nossa rede. A evasão, ou “evasão camuflada” — de repetição de ano letivo por falta —, é um dos problemas que Porto Alegre precisa enfrentar”.

A candidata elencou ainda, dentre as suas principais prioridades, o “Fome Zero Municipal”. “Não posso imaginar que nós nos conformemos com ideia de que vamos entrar 2021 com crianças nas sinaleiras, com pessoas passando fome como se tivéssemos voltado 30 anos em nossa história”, disse. Ela aponta a criação de restaurantes populares descentralizados e cozinhas comunitárias “porque defendo que ocupemos os prédios públicos abandonados para garantir trabalho e renda para o nosso povo, num modelo de gestão colaborativa com as comunidades”.

Por Priscila Lobregatte

 

Assista abaixo a íntegra da entrevista