A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, deixou claro que governo inglês põe em risco a vida de Assange. (Alexander Shchebak/TASS)

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, condenou a perseguição ao jornalista e fundador do WikiLeaks, Julian Assange, e acusou a Grã-Bretanha de “violar todas as leis e direitos e normas que regulam e garantem a liberdade da mídia e a segurança dos jornalistas”, detendo-o em condições tão execráveis.

Zakharova manifestou sua preocupação de que os britânicos e seus parceiros fossem tão longe que Assange acabasse morrendo. “Por mais triste que isso possa parecer, a questão no momento é até que ponto os britânicos e seus parceiros estão dispostos a ir, e tudo porque ele fez seu trabalho como jornalista, profissionalmente”.

Como salientou a porta-voz, o caso de Assange ilustra de maneira clara e abominável os duplos padrões dos estados ocidentais envolvidos no caso ou que aceitam tacitamente o tratamento a que está sendo submetido.

“A situação de Julian Assange é claramente uma violação das leis, regulamentos e normas aplicáveis que regulam e garantem a liberdade da mídia e a segurança dos jornalistas do mundo ocidental e especialmente do Reino Unido, que afirma ser um modelo para normas democráticas”.

Como Zakharova ressaltou, este é um exemplo de como a política de ‘padrão duplo’ se parece na vida real – sem disfarce. “Os estados que dão lições e admoestam outras pessoas sobre direitos humanos e liberdade de expressão ignoram completamente os ‘valores’ que dizem ter quando se trata de seus próprios interesses”, acrescentou.

Assange está em uma prisão de segurança máxima em Londres há mais de seis meses, depois de permanecer confinado na Embaixada do Equador por sete anos, aonde se asilou, na tentativa de não ser extraditado para os EUA. Ele foi entregue à polícia pelo atual governo do Equador, e no mesmo dia os EUA formalizaram o pedido de extradição, que corria em segredo há anos, durante o governo Obama e foi entusiasticamente abraçado pelo governo Trump.

Em uma carta aberta recente, dezenas de médicos do mundo inteiro pediram às autoridades britânicas que o transferissem imediatamente para um hospital universitário equipado, pois Assange estava gravemente doente devido a anos de perseguição política, isolamento e tortura psicológica.

A grave ameaça que paira sobre a vida de Assange foi também denunciada pelo relator especial da ONU sobre tortura, Nils Melzer, que visitou o jornalista no cárcere com médicos independentes em maio e comprovou seu infortúnio pelos ‘Protocolos de Istambul’ da Tortura.

John Pilger, um renomado cineasta, jornalista e amigo do fundador do WikiLeaks, disse depois de visitá-lo recentemente na prisão que ele era apenas pele e ossos e que Assange lhe dissera: “eu acho que estou ficando louco”.

Amigos, parentes, advogados e ativistas consideram, segundo a RT, extremamente duvidoso que Assange possa ser ouvido em tal estado. A equipe de advogados de Assange vem protestando há meses contra os enormes impedimentos para que a defesa seja preparada. O julgamento da extradição para os EUA, onde ele está ameaçado de 175 anos de cárcere, será em fevereiro.

O que o regime Trump chama de ‘espionagem’, contra Assange, é tão somente aquela publicação gigantesca dos arquivos e vídeos do próprio Pentágono dos crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, compartilhada com os principais jornais do mundo, vazando aquilo com que o soldado Manning se deparou e achou que não poderia ficar calado.