Por reajuste, delegados da PF ameaçam suspender registro de armas
A Associação dos Delegados da Polícia Federal (ADPF) divulgou uma nota, na última quinta-feira (19), afirmando que a categoria vai continuar mobilizada até que Bolsonaro cumpra a promessa de viabilizar a reestruturação da carreira com a garantia de reposição das perdas salariais. Os delegados ainda mandaram um recado ao presidente da República, afirmando que a PF não existe para servir aos interesses do governo de plantão, mas sim do Estado brasileiro.
“A Polícia Federal é uma polícia de Estado e não de governo. Vale destacar que a PF não protege e nem persegue ninguém. Não existe qualquer indivíduo ou autoridade que esteja acima da lei.”, diz a nota.
Os delegados destacam, ainda, a importância de se garantir tratamento isonômico com reajuste para o conjunto dos servidores públicos federais. “O impasse causado pelo próprio governo federal, propagando informações conflitantes, equivocadas, com mudanças frequentes de posicionamento, vem gerando clima de instabilidade, revolta e insatisfação, algo nunca antes visto pelos Delegados de Polícia Federal”, diz a ADPF.
Como medida para manter a pressão em defesa da reivindicação da categoria, os policiais afirmam que irão priorizar, por tempo indeterminado e com remanejamento de efetivo, se necessário, as atividades essenciais voltadas à segurança pública, como o combate à corrupção e ao desvio de recursos públicos, ao tráfico de drogas e armas, o tráfico internacional de pessoas, pedofilia, crimes cibernéticos, combate aos crimes eleitorais ou demais ilícitos que se encontram na esfera de competência da Polícia Federal.
Os delegados afirmam que, com isso, atividades como a de análise de pedidos de registros de porte de arma de fogo poderão ser impactadas ou mesmo suspensas temporariamente. “Essas medidas visam assegurar a prioridade às investigações realizadas pela Polícia Federal, que fizeram com que ela fosse reconhecida como uma das instituições mais confiáveis e respeitadas do país e indispensável para o combate à criminalidade organizada e aos desmandos daqueles que tentam se apropriar do Estado e interferir em instituições”, enfatiza a ADPF.
Outras atividades administrativas como o controle e fiscalização de segurança privada, controle de produtos químicos, emissão de passaportes e atividades migratórias, devem ser preservadas num primeiro momento, com mínimo impacto para a população.
“Os delegados federais não aguardarão inertes o cumprimento do compromisso firmado. Agora é o tempo de ações. É preciso ter respeito por homens e mulheres que arriscam suas próprias vidas para salvaguardar o Estado, suas instituições e a população brasileira”, conclui a nota.
Sem qualquer ação efetiva do governo para garantia do reajuste aos servidores, diferentes categorias se mobilizam pelo reajuste com atos e greves pelo país. Na próxima terça-feira (31), o Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) em conjunto com o Fórum das Entidades dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) e a Liderança da Minoria na Câmara estão organizando um ato na Câmara dos Deputados, em Brasília. Além disso, quatro categorias já estão em greve em defesa da recomposição salarial, como os servidores do INSS, do Tesouro Nacional, do Banco Central e da Controladoria Geral da União.