Policial Kim Potter (esquerda), Daunte Wright no detalhe e no instante do tiro de Potter.

A policial que matou o jovem negro Daunte Wright, perto de Minneapolis, foi presa e acusada por homicídio culposo em segundo grau, informou o Escritório de Assuntos Criminais dos EUA. Ela está detida em uma penitenciária local, onde aguardará audiência com um juiz.

“Kim Potter foi levada sob custódia por volta das 11h30, horário local, e será transferida para a cadeia do condado de Hennepin por homicídio culposo”, declarou na quarta-feira (14) o escritório, segundo a AFP. A acusação de homicídio culposo indica que os promotores acataram a versão apresentada pela polícia, de que Potter não teve a intenção de matar Wright, que foi um acidente.

A policial abriu fogo no domingo (11), no Brooklyn Center, contra o rapaz de 20 anos que foi abordado pelos agentes por circular em um veículo com a documentação atrasada e deixar algo pendurado no retrovisor. Ao confirmar a identidade de Wright, os policiais teriam encontrado um processo contra ele e recebeu voz de prisão. Ele tentou se desvencilhar dos policiais e voltar ao carro.

Foi então que Potter disparou contra Wright, afirmando ter confundido a arma de serviço com sua arma taser elétrica. O caso gerou três noites de manifestações de revolta em várias cidades. Apesar do estabelecimento de um toque de recolher e do posicionamento de reforços significativos, uma situação tensa ainda foi vivida entre ativistas e a polícia na noite da quarta-feira (14), quando dezenas de pessoas foram presas.

A família de Daunte tomou conhecimento da decisão judicial, mas criticou as justificativas da agente: “Um policial com 26 anos de experiência sabe a diferença entre um taser e uma arma de fogo”, declarou o advogado da família, Ben Crump, em comunicado.

“Continuaremos lutando para obter justiça para Daunte, sua família e todas as pessoas negras marginalizadas. Não vamos parar até que tenhamos conseguido reformas reais na polícia e no judiciário”, finalizou Crump. O advogado de Direitos Humanos, Jeff Storms, também refutou a versão da polícia.

“Acidente é derramar um copo de leite, não é acidente sacar uma arma. Não é acidente apontar uma arma para alguém, nem é um acidente ignorar o fato de que o que você tem na mão não pesa o mesmo que um taser”.

Para o ativista Toshira Garraway, a morte de Wright é mais um exemplo da brutalidade policial e discriminação contra a população negra nos EUA.

“Queremos que o mundo saiba que esses não são incidentes isolados”, afirmou Garraway durante o protesto. “George Floyd e Daunte Wright são o rosto de centenas de assassinatos aqui no estado de Minnesota”, denunciou.

Juiz rejeita pedido de absolvição do assassino de George Floyd

O clima na região já é tenso por causa do caso de George Floyd que corre também em Minneapolis, a poucos quilômetros de onde Wright foi morto.

Na mesma quarta-feira (14), o juiz de Minnesota que preside o julgamento de Derek Chauvin, o ex-policial acusado de matar George Floyd no ano passado, rejeitou uma moção apresentada pela defesa para absolvê-lo, depois que um legista aposentado, que serviu como testemunha, disse que ele teria morrido de ataque cardíaco e uso de drogas.

Ao apresentar a moção, o advogado de defesa Eric Nelson disse que os promotores não conseguiram provar sua tese contra Chauvin, um homem branco de 45 anos, e que ele deveria ser absolvido. Chauvin é acusado de assassinato em segundo grau e homicídio culposo na morte de Floyd.

Mas o juiz do condado de Hennepin, Peter Cahill, rejeitou o pedido. “O pedido de absolvição foi negado”, afirmou.

As imagens da prisão e morte de George Floyd em 25 de maio de 2020 geraram protestos contra a injustiça racial e a brutalidade policial nos Estados Unidos e em todo o mundo.