Com bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha, a Polícia Militar (PM) sufocou e impediu a saída de uma manifestação contra o aumento das tarifas do transporte público em São Paulo. A medida faz parte da orientação do governo Dória de restringir as manifestações populares no estado.
O grupo, que se reuniu em frente ao Theatro Municipal no final da tarde, saiu em caminhada para a Avenida Paulista, mas cerca de 500 metros depois, na Praça da República, a Polícia Militar (PM) impediu a continuidade da manifestação.
Ao menos dez pessoas foram detidas.
Os policiais deram mata-leões em mulheres e as arrastaram pelos cabelos pela praça da República. Em meio à confusão, passaram a atirar bombas de gás.
Até esse momento o protesto era pacífico. Depois da atitude da PM, alguns manifestantes passaram a atirar objetos, o que, no final, acabou virando em uma perseguição pelas ruas do centro.
Às 19h50, um grupo pequeno ainda cantava palavras de ordem na Avenida Ipiranga, que ficou bloqueada. Entradas do metrô República também foram fechadas para impedir a entrada das pessoas que participavam do ato.
Mesmo os líderes do ato, tendo informado com antecedência o trajeto do protesto, a PM agiu com truculência.
A polícia alegou que barrou o protesto por temor de complicar ainda mais o trânsito do centro da cidade. Na quinta-feira, a capital paulista sofreu com diversos alagamentos após uma forte chuva.
Em um vídeo que circula na internet é possível ver policiais arrastando uma jovem pelos cabelos. Ela foi identificada como Andreza Delgado, militante do Movimento Passe Livre e também organizadora do Perifacon.
Ao menos um fotojornalista relatou ter sido agredido com três chutes por policiais. Manifestantes também foram atingidos por golpes de cassetete.
A PM começou a deter manifestantes após alguns deles ultrapassarem uma barreira na praça da República, estabelecida pelos policiais como ponto máximo onde o protesto poderia chegar.
Foi o terceiro protesto do MPL este ano contra aumento da tarifa do transporte público, que desde 1º de janeiro passou de R$ 4,30 para R$ 4,40.
Nos dois primeiros atos, também houve repressão policial, inclusive com a chamada “detenção para averiguação”, onde manifestantes foram presos, fotografados e fichados pela polícia e, em seguida, liberados.
Até mesmo repórteres que cobrem as manifestações em São Paulo estão sendo abordados por policiais durante os atos.
O portal Ponte Jornalismo, questionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) sobre as prisões, as agressões cometidas pelos policiais, a falta de identificação de parte dos PMs e por quais crimes os presos foram acusados. Em nota, a pasta informou que toda a ação policial foi para garantir “o direito à livre expressão e a segurança de todos”.
“Após o deslocamento para a região da Praça da República, houve um princípio de tumulto que foi contido pelos policiais. Uma policial militar foi ferida durante a ação. Dez pessoas, sendo oito adultos e dois adolescentes, foram detidas por desacato e lesão corporal e encaminhadas ao 2º DP. As imagens citadas pela reportagem são analisadas pela Polícia Militar e as medidas cabíveis serão adotadas”, diz nota.