O ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto

A Procuradoria-Geral da República (PGR) determinou a abertura de um inquérito preliminar contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por conta de empresas mantidas com milhões de dólares em paraísos fiscais.

Enquanto ocupam cargos decisivos para a economia nacional, os dois mantêm empresas no exterior onde guardam dólares. Assim, o dinheiro dos dois valorizou diante da crise econômica no Brasil.

A decisão de abrir um inquérito preliminar foi do procurador-geral da República, Augusto Aras. Assim, o Ministério Público Federal (MPF) vai reunir informações sobre o caso e ouvir os envolvidos.

Após essa apuração, será decidido a abertura ou não de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Guedes e Campos.

O escândalo veio à público por conta de uma investigação internacional feita com colaboração de dezenas de órgãos de imprensa.

Paulo Guedes é dono de uma empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, que são um paraíso fiscal, e lá esconde US$ 9,54 milhões desde 2014. Na época em que depositou o dinheiro, o dólar estava cotado em cerca de R$ 2,65. Mas, agora, está em R$ 5,48. Atualizado, portanto, o valor é de R$ 52 milhões.

No período em que esteve à frente do Ministério da Economia sua fortuna passou de R$ 37 milhões para R$ 52 milhões, um lucro de pelo menos R$ 15 milhões, enquanto promoveu um verdadeiro desastre na economia nacional.

Por ser ministro da Economia, todas as suas decisões e falas públicas afetam o preço do dólar e, dessa forma, podem aumentar o valor da sua fortuna no exterior.

Parlamentares consideram que Paulo Guedes agiu de forma criminosa. Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o ministro de Bolsonaro cometeu os crimes de improbidade administrativa, conflito de interesses, peculato, corrupção passiva, advocacia administrativa e outros.

“É possível que o presidente do Banco Central e o ministro da Economia, ao manterem suas offshores em paraísos fiscais no exterior, tenham se aproveitado de suas condições de gestores das políticas públicas econômicas no Brasil para eventual enriquecimento”, afirmou o senador.

Na sessão da Câmara desta segunda-feira (4), parlamentares cobraram explicações de Paulo Guedes e do presidente do BC. Diversos deputados pediram a convocação do ministro. Não apareceu um único parlamentas governista na sessão para defendê-los.

O deputado Professor Israel Batista (PV-DF) sustentou a investigação dos fatos. “O ministro Paulo Guedes, agora, com essa offshore, está diante de um dilema ético muito grave, que este Congresso Nacional precisa investigar. Nós não podemos aceitar que isso continue acontecendo em nosso país”, disse.

O deputado João Daniel (PT-SE) afirmou que as revelações são “escandalosas”. “Este é o governo Bolsonaro: um governo em que o ministro da Economia e o presidente do Banco Central colocam dinheiro em paraíso fiscal. Ele nunca nos enganou. Por isso, o Brasil está desgovernado”, afirmou.