PF tem acordos de longa data com TSE, mas Justiça não sabe
O governo Bolsonaro, através do Ministério da Justiça, enviou um ofício para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirmando que vai usar a Polícia Federal para fazer “fiscalização e auditoria” nas urnas eletrônicas, ignorando que a PF e o TSE já têm um acordo fechado há várias eleições.
O ofício, enviado na sexta-feira (17) e assinado pelo ministro Anderson Torres, fala da “necessidade da participação da PF na fiscalização e auditoria” das urnas eletrônicas.
Os membros do governo Bolsonaro, mais interessados em descredibilizar e atacar as urnas eletrônicas, sequer devem saber que a PF já tem acordos com o TSE para realizar esse tipo de apoio.
“Informo ainda que a necessidade de participação da PF na fiscalização e auditoria relativas ao emprego da urna eletrônica (sistema eletrônico de votação), inclusive com a possibilidade de desenvolvimento de programas próprios de verificação (art. 15 da Resolução no 23.673/2021), visa resguardar o estado democrático de direito, que exige integridade e autenticidade dos sistemas eleitorais, consagrando, assim, uma eleição escorreita”, diz o documento enviado ao Tribunal e obtido pelo Globo.
A Polícia Federal já participa de todas as etapas da fiscalização das eleições, mas sem o uso de “programas próprios de verificação” que propõe Anderson Torres. O ministro bolsonarista não explicou quem verificaria o programa externo usado na auditoria.
O ofício faz parte da ofensiva de Jair Bolsonaro contra a democracia, atacando e tentando descredibilizar, sem qualquer fundamento, as urnas eletrônicas. Ele próprio já admitiu que não tem provas, mas continua dizendo que as eleições de 2014 e 2018 foram fraudadas.
A Polícia Federal afirmou que “não foi apresentada qualquer evidência de fraudes em eleições brasileiras” e que tem “confiança no processo eleitoral, tendo a certeza de que o voto eletrônico trouxe importantes avanços, dentre eles o afastamento dos riscos decorrentes do voto em cédula”.
Na segunda-feira (20), o Ministério da Defesa enviou outro ofício ao TSE dizendo que as Forças Armadas vão atuar nas eleições como “entidades fiscalizadoras do sistema eletrônico de votação”, usando apenas técnicos militares.
As agressões de Bolsonaro contra as urnas eletrônicas, o TSE e o Supremo Tribunal Federal (STF) representam um tiro no pé. Até seus eleitores reprovam e avaliam mal o desequilíbrio de Bolsonaro.
É o que mostram levantamentos feitos pelo PL e a campanha do “mito”.
Pesquisas do núcleo de marketing da campanha apontaram que o eleitor tem classificado o comportamento de Bolsonaro como de um “provável perdedor”, ou seja, suas falas são vistas como um “discurso de derrotado”.
A avaliação é de que os ataques de Bolsonaro agradam apenas aos chamados “convertidos”, mas “assustam os indecisos”. Atacar as urnas tira votos, dizem.
Segundo o site UOL, o núcleo político da campanha, liderado pelo senador Flávio Bolsonaro e pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, tem avisado ao passeador de Jet ski e de moto que sua postura contra o sistema eleitoral enfraquece a sua candidatura.