PF aponta que empresários vacinados podem ter recebido doses falsas
As doses de vacinas contra a Covid-19 aplicadas em empresários do setor de transporte de Belo Horizonte podem ser falsas, segundo aponta investigação da Polícia Federal (PF), na Operação Camarote, que cumpriu mandados de busca e apreensão, na terça-feira (30), na casa da mulher que fez a aplicação dentro de uma garagem de ônibus, na Região Noroeste de Belo Horizonte. De acordo com a PF, no local, foram encontradas grande quantidade de soro fisiológico.
A suspeita, apontada como Claudia Pinheiro, o filho Igor Pinheiro e um outro homem que estava presente durante a operação foram presos em flagrante e levados à Superintendência da Polícia Federal para prestar depoimento.
A mulher tem passagem na polícia por furto e segundo a PF, teria comercializado vacinas ilegais para outras pessoas, além dos investigados na Operação Camarote.
Além disso, agentes cumpriram mandados em uma clínica. Vários materiais foram recolhidos nos locais, como seringas, agulhas, cartões de vacinação, entre outros. Frascos com substância análoga a soro também foram encontrados, o que levanta a hipótese de as doses aplicadas serem falsas.
Outra hipótese investigada pela instituição é de as doses terem sido desviadas do Ministério da Saúde. A importação ilegal dos imunizantes também não está descartada.
Na última sexta-feira (26), agentes da Polícia Federal estiveram na garagem onde teria sido o local da vacinação. No mesmo dia, uma lista com 57 nomes de pessoas que podem ter recebido a primeira dose foi recolhida pela instituição.
Seis vídeos mostram pessoas sendo vacinadas após as 20h de terça-feira (23), quando já estava em vigor o toque de recolher determinado pela Prefeitura, na garagem da empresa mineira.
Segundo boletim de ocorrência feito à Polícia Militar (PM), até mesmo crianças foram vacinadas: a empresa só começou agora os estudos de segurança do imunizante para quem tem menos de 18 anos.
Vacinas ilícitas
Em depoimentos à PF, alguns dos empresários já confirmaram, em depoimento, que adquiriram as doses ilicitamente. Isso porque vigora no país uma lei que obriga a iniciativa privada ao comprar doses, repassá-las ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Portanto, se os empresários compraram os imunizantes antes da lei, eles podem ser enquadrados no crime de importação de mercadoria proibida.
Se as ampolas foram comercializadas após a lei, a infração é de descaminho. Esse crime aconteceu quando um imposto devido não é pago. Outra investigação também está em andamento sobre o crime, que é a de receptação (receber, transportar ou ocultar material que é produto de roubo).