Caio Mário Paes de Andrade

A Associação Nacional dos Petroleiros Acionistas Minoritários da Petrobras (Anapetro) enviou, na quinta-feira (23), ofício a conselheiros e membros do comitê de elegibilidade da estatal manifestando-se contra a indicação de Caio Paes de Andrade à presidência da companhia. O pedido é para que o nome do indicado por Bolsonaro “seja rejeitado, visto o cenário de instabilidade que pode acarretar sua nomeação”, diz a entidade.

Andrade foi indicado para suceder José Mauro Coelho em mais um troca-troca de Bolsonaro a pretexto de combater a alta dos combustíveis, mantendo a política de paridade internacional, atrelando os derivados de petróleo no mercado interno ao dólar e ao barril de petróleo, penalizando o povo brasileiro, dono do petróleo.

A associação, que reúne petroleiros que também são acionistas da companhia, afirmou que caso o nome seja aprovado, “buscará os meios legais, tanto nos órgãos de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), quanto no Poder Judiciário, para que a decisão seja revista”.

O indicação de Andrade será analisado nesta sexta-feira (24) pelo comitê de elegibilidade da estatal.

“Os impactos financeiros negativos dessas trocas constantes e a tentativa de nomeação de pessoas não capacitadas, como parece ser o caso, demonstram que o governo quer interferir na gestão da empresa para depreciar ainda mais seus ativos colocados à venda”, segundo o presidente da Anapetro, Mario Dal Zot.

De acordo com a representante dos funcionários da Petrobras no Conselho de Administração Rosângela Buzanelli, o currículo de Caio Paes de Andrade esbarra em dois impeditivos para a nomeação ao cargo: experiência profissional e formação acadêmica.

“A única incursão profissional de Caio Paes de Andrade compatível com a função pretendida foi a participação de um ano e meio no conselho da PPSA, estatal brasileira que administra exploração de petróleo”, afirmou a conselheira em seu blog.

“O artigo 28 do decreto 8.945, que regula a Lei das Estatais, também exige que o presidente da companhia tenha “formação acadêmica” e “notório conhecimento” compatíveis “com o cargo para o qual foi indicado”. Segundo o currículo de Andrade, ele tem pós-graduação em administração e gestão pela Harvard University e é mestre em administração de empresas pela Duke University. Mas, de acordo com matéria publicada pela CNN Brasil, seus diplomas de pós-graduação não foram validados pelo Ministério da Educação, sendo que este é um dos requisitos exigidos pela legislação”, destaca Rosângela.

“As frequentes trocas de presidentes e de conselheiros, e suas motivações, geram tremenda instabilidade na economia e na própria empresa, como um terremoto, uma onda sísmica que se propaga desde o Conselho de Administração, Diretoria Executiva, corpo gerencial, técnico e operacional, lá na ponta de linha. A indicação de Caio Paes de Andrade não atende minimamente aos critérios definidos na legislação e no estatuto social da companhia. É um acinte”, afirmou Buzanelli.

“A Petrobras é do estado brasileiro, não do governo de plantão. Criada pelo povo e agigantada por seu corpo técnico, cuja competência e dedicação são inquestionáveis, se consolida diariamente através dele. E tenho a certeza que esse mesmo corpo técnico que a constrói com seu trabalho e dedicação todos os dias, se levantará em defesa dessa que é, não apenas a maior empresa brasileira, orgulho nacional, mas a que simboliza a competência, superação e força do povo soberano que sonhamos ser”, defendeu.