Casa em Cabul com familiares examinando estragos após ataque assassino

“A atrocidade de matar civis pelas forças dos EUA no Afeganistão é inaceitável. É ainda mais intolerável os Estados Unidos exonerarem os assassinos com com essa impunidade”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, na terça-feira (14).

A declaração do porta-voz chinês foi provocada pela notícia de que o Pentágono decidiu que não irá punir nenhum dos responsáveis pelo ataque com drone em agosto passado em Cabul, capital afegão, que matou 10 membros da família do trabalhador humanitário afegão Zamairi Ahmadi, dos quais sete crianças, em meio ao caos da retirada final das tropas norte-americanas, depois de 20 anos de ocupação.

O porta-voz do Pentágono na véspera dissera que “não antecipa haver questões de responsabilidade pessoal a serem enfrentadas” em relação ao ataque – isto é, ao massacre de civis – ao ser diretamente perguntado por jornalistas se alguém “seria responsabilizado”.

O anúncio de impunidade pelo Pentágono veio dois dias depois do término da ‘cúpula pela democracia’ promovida virtualmente pelo governo Biden.

“Enquanto os Estados Unidos falavam de democracia e direitos humanos na chamada ‘Cúpula pela Democracia’, não foi consultado povo afegão inocente cujos filhos morreram sob a mira de uma arma do Exército dos EUA, e suas famílias não tiveram a quem apelar”, indignou-se o porta-voz chinês.

Ele chamou esses crimes de guerra de “realidade cruel” resultante das “bárbaras intervenções militares dos EUA no Afeganistão, Iraque, Síria e outros países que resultaram no assassinato de civis inocentes”.

Wang disse ainda que a era em que os EUA agiam imprudentemente em todo o mundo sob o pretexto da chamada democracia e direitos humanos “chegou ao fim”, e que os crimes do Exército dos EUA matando civis inocentes em outros países “não ficarão impunes”. “A justiça pode demorar, mas não faltará”, concluiu.

Em uma entrevista ao New York Times, Steven Kwon, o fundador e presidente da Nutrition and Education International (NEI), com sede na Califórnia, organização humanitária para a qual o afegão morto (Ahmadi) trabalhava, chamou de “chocante” a decisão do Pentágono de não punir ninguém pelo ataque.

Ele perguntou: “Como nossos militares podem erroneamente tirar a vida preciosas de dez afegãos e não responsabilizar ninguém de forma alguma?”

Ahmadi inclusive até havia se inscrito para se reinstalar nos Estados Unidos diante da vitória do Talibã. No momento do bombardeio estava parado em frente da própria casa, e colocava contêineres de água no seu veículo.

A decisão do Pentágono também foi repudiada pela entidade pacifista Ban Killer Drones (Banir Drones Assassinos, BKD, na sigla em inglês), cujo comunicado denunciou que “os ataques dos EUA matando civis têm sido rotineiros”, assim como a impunidade.

Kathy Kelly, da BKD, lembrou ainda como a mídia internacional chegou a expor o assassinato de civis sob a ótica de encobrimento do Pentágono, de que se trata de um “ataque justo”, que atingira um veículo “carregado de explosivos” e impedira a repetição do ataque terrorista ao aeroporto de Cabul.

“Estamos confiantes de que atingimos o alvo com sucesso”, gabou-se um porta-voz do Pentágono.

Impunidade

Para o portal Common Dreams, isso seguiu o padrão estabelecido de longa data de inicialmente negar que os ataques aéreos dos EUA prejudiquem civis.

O Comando Central dos Estados Unidos inclusive mentiu ao ponto de dizer que o ataque desencadeou “explosões secundárias significativas do veículo”, que “indicavam a presença de uma quantidade substancial de material explosivo”.

Bastaram algumas fotos e entrevistas com sobreviventes para desmentir tudo isso e se tornar impossível abafar o massacre, quando os olhares do mundo inteiro estavam voltados para Cabul e para a primeira crise internacional do governo Biden.

“O contexto mais amplo que o Pentágono deve reconhecer foi esclarecido por Daniel Hale, o denunciante dos drones que revelou que civis afegãos inocentes foram mortos em 90% dos ataques de drones nos Estados Unidos durante um período de cinco meses”, disse Kelly.

Hale foi condenado em julho a quase quatro anos atrás das grades por compartilhar informações confidenciais sobre o programa de assassinato de drones dos Estados Unidos com um jornalista. Ele foi o último de uma longa linha de denunciantes perseguidos, de Daniel Ellsberg a Julian Assange, John Kiriakou, Chelsea Manning e vários outros que foram presos por expor crimes de guerra, cujos perpetradores quase sempre ficaram impunes.

Nick Mottern, também da Ban Killer Drones, disse que “se o Pentágono quiser revelar tudo sobre este acontecimento horrível, vai divulgar documentos e fitas de vídeo que mostram quem foi responsável por decisões importantes e quais falhas tecnológicas foram responsáveis”.

Mottern acrescentou que, se o presidente Joe Biden “estava envolvido na decisão, devemos ficar sabendo”.

O anúncio do Pentágono veio um dia depois do NYT revelar a existência de uma unidade secreta de ataque aéreo militar dos EUA chamada Talon Anvil, que matou civis sírios a uma taxa 10 vezes maior do que em teatros comparáveis da chamada Guerra ao Terror, segundo testemunho de um ex-assessor do Pentágono e Departamento de Estado.

Na enésima repetição do histórico de impunidade que acompanha as intervenções norte-americanas mundo afora, o Pentágono disse na segunda-feira que nenhum dos militares envolvidos no ataque de drones aéreos não tripulados, que matou 10 civis, sete deles crianças, em Cabul na reta final da retirada, seria punido.

Em uma entrevista ao New York Times, Steven Kwon, o fundador e presidente da Nutrition and Education International (NEI), com sede na Califórnia, organização humanitária para a qual Ahmadi trabalhava, chamou de “chocante” a decisão do Pentágono de não punir ninguém pelo ataque.

Ele perguntou: “Como nossos militares podem erroneamente tirar a vida preciosas de dez afegãos e não responsabilizar ninguém de forma alguma?”

Ahmadi inclusive até havia se inscrito para se reinstalar nos Estados Unidos diante da vitória do Talibã. No momento do bombardeio estava parado em frente da própria casa, e colocava contêineres de água no seu veículo.

A decisão do Pentágono também foi repudiada pela entidade pacifista Ban Killer Drones Assassinos (Banir Drones Assassinos, BKD, na sigla em inglês), cujo comunicado denunciou que “os ataques dos EUA matando civis têm sido rotineiros”, assim como a impunidade.

Kathy Kelly, da BKD, lembrou ainda como a mídia internacional chegou a expor o assassinato de civis sob a ótica de encobrimento do Pentágono, de que se trata de um “ataque justo”, que atingira um veículo “carregado de explosivos” e impedira a repetição do ataque terrorista ao aeroporto de Cabul.

“Estamos confiantes de que atingimos o alvo com sucesso”, gabou-se um porta-voz do Pentágono.