Jacob Chansley, o "Louco de Chifres", um dos açulados por Trump na invasão do Capitólio

Jacob Chansley, conhecido como o “Xamã do QAnon”, que estourou nas redes sociais como o “Louco de Chifres” da invasão do Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro, confessou ser culpado na sexta-feira (3) pelo crime de obstruir os procedimentos do Colégio Eleitoral.

A confissão de culpa foi feita como parte de um acordo com os promotores e foi aceita pelo juiz distrital Royce Lamberth durante audiência virtual no Tribunal Distrital de Washington. A sentença foi marcada para 17 de novembro.

Chansley é a figura mais notória do movimento QAnon, seita que assevera que existe um complô de democratas com reptilíneos pedófilos para subverter os EUA, e que o salvador da pátria seria Donald Trump. Em janeiro, ele invadiu o plenário do Senado dos EUA, enquanto o então vice-presidente Mike Pence, que pela democracia americana era quem presidia o Senado, teve de ser retirado às pressas e escondido, enquanto a turba gritava “enforquem Pence” e “Naaaaancy, cadê você, apareça para brincar” (referindo-se a Nancy Pelosi, a democrata que preside a Câmara dos Deputados).

A turba que atendeu à convocação de Trump e invadiu o Capitólio pretendia criar o cenário para que um grupo de deputados e senadores mais fiéis ao então presidente virasse a mesa, impedindo a certificação no Colégio Eleitoral da vitória de Joe Biden. A invasão fora tornada possível graças ao esvaziamento do esquema policial de proteção do Congresso dos EUA e recusa, por horas, do Pentágono em autorizar o envio da Guarda Nacional para restaurar a ordem.

Chansley foi originalmente acusado em seis crimes federais. Ele se declarou culpado de uma das acusações mais graves, punível com até 20 anos mas, como parte do acordo judicial, que pode levar a uma prisão por tempo menor.

Também como parte do acordo de confissão, Chansley concordou em pagar US$ 2 mil em restituição pelos danos ao Capitólio e poderá vir a pagar uma multa de até US$ 250 mil.

Durante a audiência de confissão, o advogado de Chansley, voltou a pedir que o ‘Xamã’ fosse libertado antes da sentença. Ele está preso há oito meses.

O Departamento de Justiça se opôs a esse pedido e o juiz Lamberth disse que emitirá uma decisão em breve. Anteriormente, o juiz do caso já reiterou que Chansley é muito perigoso para ser libertado – tornando-o parte de um pequeno grupo de manifestantes que não são acusados de atacar ninguém naquele dia, mas foram detidos antes do julgamento por causa do potencial para futuras violências.

Um exibicionista fanático, Chansley fez greve de fome em fevereiro como parte de uma tentativa bem-sucedida de colocar alimentos orgânicos na prisão. Em março, concedeu da prisão uma entrevista, o que mais tarde foi repreendida pelo juiz de seu caso.

Agora, seu advogado assevera que o Xamã está “tentando se afastar e se distanciar do vórtice Q”. O defensor Al Watkins alegou que a prisão estaria afetando “a vulnerabilidade à saúde mental” de Chansley, que foi submetido no início do ano a uma avaliação psicológica ordenada pelo tribunal.

Lamberth decidiu que Chansley era competente para se declarar culpado. O acusado se manifestou sobre a questão, dizendo agradecer à disposição do tribunal em examinar suas “vulnerabilidades mentais” e acrescentou esperar que o juiz “não tenha se ofendido com nada (que) eu disse ao psiquiatra”, que só queria dizer que o juiz deveria ser “imparcial”.

Das 600 pessoas presas pela invasão do Capitólio e tentativa de impedir a proclamação da vitória da oposição na eleição, mais de 50 assinaram confissões de culpa.