Após a divulgação da inflação de maio (IPCA), que acumula alta de 11,73% em 12 meses, o presidente Jair Bolsonaro resolveu, mais uma vez, tirar o corpo fora e tentou envolver empresários e os donos de supermercados numa farsa para segurar a disparada de preços até as eleições.

Na quinta-feira (9), em videoconferência durante o Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento, da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Bolsonaro tentou convencer os empresários a zerar os lucros dos produtos que fazem parte da cesta básica.

O ministro Paulo Guedes (Economia) também participou do evento de forma virtual e reforçou a ideia, defendendo que a tabela de preços de alimentos da cesta seja reajustada apenas em 2023.

Para o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), o pedido aos empresários para que congelem os preços até o final do ano é parte do “plano eleitoreiro diabólico de Bolsonaro”. “Ou seja, enganam o povo até a eleição e depois os preços podem aumentar à vontade”, escreveu no Twitter.

“O BRASIL TEM FOME. BOLSONARO TEM SEDE DE PODER!”, acrescentou no post.

Inflação x eleição

O custo da cesta básica aumentou 48,3% em três anos. Mas Bolsonaro não fez nada esse tempo todo para enfrentar a fome que hoje assola o país e atinge 33 milhões de brasileiros.

O grupo de alimentos essenciais para a vida dos brasileiros passou de R$ 482,40, em fevereiro de 2019, logo depois da posse de Bolsonaro, para R$ 715,65, no mesmo mês de 2022. O aumento foi apurado pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

A alta é o dobro da inflação acumulada no período, de 21,5%, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O impacto da inflação no preço dos alimentos, assim como os combustíveis, tem tirado o sono de Bolsonaro a menos de quatro meses da eleição.

Por Walter Félix
(PL)