O PCdoB passou a ter em Porto Alegre, nesta quarta-feira (27), um mandato composto por quatro mulheres negras e outro de um líder comunitário da periferia. O coletivo Cuca Congo e Erick Dênil assumiram cadeiras na Câmara Municipal, no lugar de Bruna Rodrigues e Daiana Santos, que estão licenciadas.

O coletivo é formado por quatro mulheres negras, todas professoras da capital gaúcha. Além de Luciane Congo, vice-presidenta do partido no Rio Grande do Sul, eleita no processo do 15º Congresso, e dirigente licenciada do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa), compõem o coletivo Carmem Gecy Barros, Estela Carvalho Benevenuto e Carol Chagas Schneider.

A posse do coletivo ganha especial significado por ocorrer uma semana após os ataques fascistas e racistas desferidos por um grupo de extrema-direita contra vereadoras negras — entre elas Bruna Rodrigues e Daiana Santos, além de Laura Sito (PT). Na sessão do dia 20, uma mulher se dirigiu às parlamentares chamando-as de “empregadas” e “lixo”.

Foto: Ederson Nunes/CMPA

O Coletivo Cuca Congo terá como foco de sua atuação ações voltadas para a luta e a educação antirracista; para os direitos das mulheres, das servidoras e servidores e em defesa dos serviços públicos, questões que pautaram o discurso de posse. Em Porto Alegre, a categoria municipária está há cinco anos sem reposição inflacionária, com perdas que já somam quase 30%, além de prejuízos trazidos por novas leis que aumentaram a alíquota previdenciária e retiraram direitos do funcionalismo.

Além de ressaltar os problemas enfrentados pelos servidores, Luciane salientou: “Ocupamos este espaço de representação do povo de Porto Alegre, das mulheres, negras e negros, para falar sobre a fome e a miséria a que a população está sendo submetida. Porque fazemos parte deste povo que hoje agoniza com a miséria, o desemprego crescente e a precarização dos serviços e das políticas públicas”.

Ela acrescentou ainda o compromisso com a luta para garantir o direito à educação pública e de qualidade social para todos. “E isso significa garantir a laicidade da educação, o investimento na ampliação da rede própria, a valorização dos professores e professoras e formação integral inclusiva e antirracista”, disse.

Compromisso social

Foto: Elson Sempé/CMPA

Vereador mais bem votado no extremo Norte, região com diversas carências, o líder comunitário Erick Dênil declarou pelas redes sociais: “Do fundão de Porto Alegre, da periferia, do Parque dos Maias-Rubem Berta, para a Câmara dos Vereadores. Quem mora em comunidade sabe dos problemas. Sintam-se representados, faço parte do povo que sempre foi esquecido. Povo, pra cima!”.

Ao discursar na tribuna da Câmara, o vereador Erick Dênil falou sobre as dificuldades vividas pela população brasileira, especialmente pelos mais vulneráveis, no Brasil de Bolsonaro, situação que também se reflete nas ruas e nas periferias de Porto Alegre. “Cerca de 20 milhões de pessoas passam fome no nosso país. O Brasil produz três vezes mais do que precisa e 108 milhões de pessoas convivem com a insegurança alimentar”, destacou.

Ele também denunciou o descaso de Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.  “Muitas vidas foram perdidas por falta de vacina contra o Covid-19, e me solidarizo com todos aqueles que perderam seus antes queridos.” Ele defendeu a ampliação de políticas públicas para combater o desemprego, a fome e a educação de qualidade nas escolas municipais.

Durante o mandato, o vereador irá integrar a Comissão de Educação, Cultura Esporte e Juventude (Cece), enquanto as vereadoras do Coletivo Cuca Congo farão parte da Comissão de Economia, Finanças e orçamento do Mercosul Constituição (Cefor).

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Por Priscila Lobregatte

Com informações da Câmara de Porto Alegre