A dirigente nacional do PCdoB e secretária estadual do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia, Olivia Santana, foi vítima de agressões racistas neste sábado (3), no Hotel Catussaba, em Salvador.  Convidada pela vice-presidenta da Federação Nacional de Automobilismo, Selma Moraes, Olivia participava do evento “Folia do Batom”, uma confraternização das mulheres que fazem o Rally do Batom, evento que sempre contou com o apoio da Setre-Sudesb.

Durante o evento, uma senhora se dirigiu a Olívia como se fosse para cumprimentá-la. Neste momento, a agressora apertou fortemente a mão da secretária e não atendeu aos apelos para que a soltasse. Disse em tom de provocação que Olivia é uma “comunista” e por isso não deveria estar no Hotel Catussaba. Gritava que ela tinha que voltar para a favela, que lá seria seu lugar adequado.

A polícia foi chamada e a agressora foi levada para a Delegacia de Flagrantes. Olivia prestou depoimento ainda na noite do ocorrido, quando formalizou a denúncia. Na Delegacia, pessoas com camisas que propagandeiam a volta da ditadura militar prestavam solidariedade ao ato covarde, uma demonstração de que grupos fascistas agem de maneira organizada.

Olívia ainda denunciou o ocorrido nas redes sociais. Para ela, não se pode deixar essas agressões passarem impunemente. “A discriminação vem de onde menos esperamos. O que não podemos admitir é que ela fique impune. Denunciar é preciso!”

As direções Municipal e Estadual do PCdoB manifestam irrestrita solidariedade a Olivia Santana, ao tempo em que exigem punição exemplar à agressora, para que fatos dessa natureza não se repitam.

“As lutas pelas liberdades democráticas e contra o racismo sempre foram bandeiras do PCdoB. Portanto, repudiamos a onda de ódio, intolerância e discriminação racial que se alastra pelo país”, diz o partido em comunicado oficial.

Entidades do movimento social, como a Unegro, CTB, UBM, UnaLGBT também manifestaram seu apoio a camarada por meio de nota. O governador da Bahia, Rui Costa (PT) também manifestou apoio. Para ele esse tipo de crime reflete o comportamento de pessoas que pensam que o pobre e o negro não devem ter o direito de ascender socialmente.

“Algumas pessoas acham que o negro tem que voltar pra senzala, que o negro não pode sair da favela. É por isso que eles ficam com ódio do Lula porque o Lula botou o pobre, o negro na universidade federal pra fazer Medicina, pra fazer Engenharia”, afirmou o governador, relacionando o caso com o que chamou de perseguição ao ex-presidente Lula, que foi condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá.

Rui fez a declaração durante evento de entrega de 137 unidades habitacionais, no bairro de Nova Esperança, na manhã deste domingo (4). “Alguns pensam, só não tem coragem de falar, inclusive aqueles que, na minha opinião, estão perseguindo Lula, de voltar o povo pra favela, pra o morro, pra o isolamento. O povo não vai voltar pra favela, nós viemos pra ficar”, ressaltou o governador, sendo aplaudido pela plateia.

O deputado constituinte Haroldo Lima escreveu “Uma nota a Bahia”. “A torpe agressão sofrida por Olivia Santana no dia de hoje é uma desfaçatez incomum e é um acinte a toda a Bahia, especialmente a sua majoritária população negra. Revela até que ponto o reacionarismo está atrevido, disposto a mostrar sua catadura racista, a mais repugnante. Agredir Olivia na Bahia é uma desconsideração total aos grandes valores que estão em ascensão no estado, dos quais Olivia é um exemplo e uma referência. Agredida foi a Bahia; agredido foi o governo do estado, do qual Olivia e uma de suas brilhantes secretarias; agredida foi a negritude de nossa terra, da qual ela é uma de suas mais expressivas lideranças; agredido foi o PCdoB, que tem nela uma de suas destacadas dirigentes nacionais. Tamanho insolência não ficará impune. A Bahia exige punição.”