Candidaturas femininas e negras se reunem em plenária nacional do PCdoB

Na noite do dia 15 de agosto, o PCdoB realizou uma Plenária Nacional focada na representação de mulheres e negros nas eleições de 2024. Durante o evento, diversas candidaturas se pronunciaram, destacando os desafios e as estratégias necessárias para fortalecer a presença dessas vozes nos espaços de poder. A deputada Olívia Santana (BA) fez uma sistematização das intervenções, ressaltando a importância das falas e a necessidade de fortalecer a solidariedade no tecido partidário.

A plenária reafirmou o compromisso do PCdoB em fortalecer o campo democrático e popular liderado pelo presidente Lula, destacando o partido como uma força transformadora com a missão de eleger mais mulheres e pessoas negras em 2024. Para Olívia, é essencial garantir o respeito às políticas públicas que promovem a inclusão de negros e mulheres no processo eleitoral, combatendo as exclusões de gênero e raça na ocupação de espaços de representação e poder.

As falas durante o evento trouxeram à tona as dificuldades enfrentadas por candidatos e candidatas, especialmente no que se refere ao racismo e ao machismo presentes na sociedade. Apesar do enfrentamento à violência e dificuldades financeiras, as candidatas reafirmaram seu compromisso com a política e com o PCdoB, demonstrando resiliência e determinação em seguir adiante.

Propostas para cidades mais justas

Uma das principais propostas discutidas foi a defesa da tarifa zero nas cidades, uma bandeira já incorporada por várias candidaturas e pelo movimento estudantil. A ideia é garantir o direito humano à mobilidade urbana, especialmente das pessoas que vivem nas periferias.

Além disso, o enfrentamento à violência foi outro tema central, com a defesa de políticas voltadas para a valorização das periferias e o fortalecimento da cidadania, principalmente para mulheres, negras e pessoas pobres. A regularização fundiária, priorizando a titularidade para mulheres que chefiam famílias, também foi destacada como uma medida crucial para combater a exclusão e construir cidades mais justas e humanizadas.

Combate à financeirização do processo eleitoral

A plenária também abordou a necessidade de combater a financeirização do processo eleitoral, onde a compra e venda de votos substituem a consciência crítica e política. Olívia Santana enfatizou a importância de o PCdoB trazer em suas plataformas a formulação de políticas que enfrentem essa questão, promovendo uma participação política mais qualificada e consciente.

A deputada concluiu sua sistematização reforçando a importância de eleger mais mulheres, pessoas negras e candidaturas comprometidas com as causas populares. Ela destacou que, mesmo que nem todas as candidaturas sejam eleitas, a participação no processo eleitoral fortalece o partido e projeta novos quadros em suas cidades e comunidades. A deputada também ressaltou o papel fundamental do PCdoB em se conectar com as periferias e promover a conscientização na perspectiva da emancipação do povo brasileiro.

“Contem com o partido, cobrem do partido”

Nádia Campeão, secretária de Organização do PCdoB e ex-vice-prefeita de São Paulo, destacou a crescente representatividade feminina e negra nas candidaturas do partido para as eleições municipais de 2024. Com mais de 3 mil candidaturas a vereador em todo o Brasil, o PCdoB se prepara para uma grande campanha, evidenciando a força e a diversidade de seus candidatos.

Nádia Campeão revelou que, entre as candidaturas do PCdoB, as mulheres representam mais de 40%, um marco significativo para o partido. Ela ressaltou que, em breve, a representação feminina pode alcançar a paridade ou até mesmo a maioria nas disputas futuras. Ainda mais impressionante, mais da metade dessas candidaturas femininas são de mulheres negras, indicando que o partido pode ter uma maioria de negros e negras entre seus candidatos.

Para Nádia, esses números representam não apenas um avanço na luta por igualdade e justiça social, mas também uma responsabilidade maior para o partido. Ela destacou que é essencial garantir que essas candidaturas não apenas participem das eleições, mas sejam eleitas, levando suas vozes para as câmaras municipais e prefeituras.

Nádia também ressaltou o sucesso das iniciativas do PCdoB, como a Caravana de Mulheres e a conferência de combate ao racismo realizada no ano anterior, como elementos que impulsionaram essa representatividade. Ela incentiva todas as candidaturas a cobrarem apoio das direções municipais do partido, assegurando que cada uma delas receba a atenção e o estímulo necessários para enfrentar uma disputa eleitoral acirrada.

Com uma campanha eleitoral formalmente iniciada, Nádia Campeão reforçou a confiança da direção nacional do PCdoB no sucesso das candidaturas em 2024, destacando a importância de eleger representantes que reflitam a diversidade e a luta do povo brasileiro. “Contem com o partido, cobrem do partido”, disse ela, desejando sucesso a todos os candidatos e candidatas nessa empreitada eleitoral.

O desafio da polarização e ascensão do bolsonarismo

A secretária nacional de Mulheres do partido, Dani Costa, destacou os desafios que as candidaturas progressistas enfrentarão nas eleições municipais de 2024, especialmente em um cenário de polarização e fortalecimento do bolsonarismo. Ela ressaltou que, para as mulheres e a população negra, o bolsonarismo representa uma ameaça direta, uma vez que questiona os direitos humanos, o que, para ela, significa questionar o próprio direito à vida dessas populações.

Dani Costa enfatizou que o bolsonarismo se organiza em torno de uma agenda conservadora, particularmente em relação à atuação política das mulheres. Apesar de figuras como Michele Bolsonaro defenderem uma maior participação feminina na política, Dani alerta que essa inclusão vem acompanhada de uma postura contrária aos direitos das mulheres. Ela destacou que em algumas cidades, especialmente nas capitais e no sul do país, candidaturas progressistas ainda são acusadas de serem contra a família e os direitos humanos, o que aumenta a dificuldade na disputa contra o bolsonarismo.

Apesar do cenário adverso, Dani Costa lembrou que a vitória nas eleições de 2022 foi um marco importante, mesmo com uma margem estreita. Ela acredita que, agora, com um governo democrático no poder, há um ambiente mais favorável para a retomada e valorização de políticas públicas e sociais. Ela destacou a importância de aproveitar esse momento para defender e construir mandatos populares que possam ser expressão dessas políticas públicas nas Câmaras Municipais.

Enfrentamento à violência contra a mulher e mudanças climáticas

Entre as políticas prioritárias, Dani citou o enfrentamento à violência contra a mulher, mencionando a retomada de iniciativas como o Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e o Protocolo do Feminicídio. Ela também apontou a mobilidade urbana como uma questão central, que afeta principalmente mulheres e a população negra, maiores usuárias de transporte coletivo. Além disso, destacou a importância de discutir a readequação climática, em contraste com a perspectiva negacionista da extrema-direita, mencionando os recentes desastres naturais no Rio Grande do Sul como exemplo de que essa é uma pauta urgente e necessária.

Dani Costa reforçou a necessidade de estabelecer um elo de pertencimento entre o eleitorado e as campanhas do PCdoB, através de um processo de diálogo e escuta com a população. Ela sublinhou que as campanhas devem ser instrumentos de transformação na vida das pessoas e que o fortalecimento do elo entre a direção nacional, as direções estaduais e municipais e as candidaturas é essencial para construir um projeto político democrático e progressista.

Conexão entre Raça, Gênero e Luta de Classes

A dirigente destacou a importância de consolidar uma plataforma eleitoral que aborde, de forma integrada, as questões de gênero, raça e classe. Durante sua fala, Dani enfatizou que o PCdoB é um partido que compreende a luta de classes entrelaçada com as opressões de gênero e raça, reafirmando seu compromisso com a transformação social.

Dani Costa salientou que o capitalismo perpetua as desigualdades ao precarizar a força de trabalho, especialmente atingindo mulheres negras, que sofrem as consequências mais severas desse sistema de opressão. Ela reforçou a necessidade de uma plataforma que dialogue com as demandas das periferias e daqueles que são mais impactados por essas desigualdades, destacando que abordar essas questões é também discutir a luta de classes.

Agenda inclusiva e emancipacionista

A secretária também ressaltou a importância de uma política que promova a igualdade, a equidade e os direitos humanos para todos, incluindo as pautas de sexualidade, como os direitos das pessoas LGBTQIA+. Ela mencionou que o Brasil é um dos países que mais mata pessoas LGBTQIA+, e que a violência policial afeta de forma desproporcional os jovens negros. Essas são, segundo Dani, demandas centrais para o PCdoB, que precisa apresentar-se nas eleições como um partido de esquerda, democrático e com uma agenda avançada para a sociedade.

Dani Costa destacou que o PCdoB, apesar de ser o partido mais antigo do sistema partidário brasileiro, sabe atualizar sua luta política, falando para e com a juventude. Ela valorizou a participação de candidaturas jovens e reforçou que o partido é capaz de equilibrar gerações, promovendo quadros que dialogam com a ideia de uma luta permanente por uma sociedade mais justa.

A secretária enfatizou que o momento eleitoral é crucial para o PCdoB não apenas apresentar candidaturas, mas também garantir a eleição de representantes que enfrentem as dificuldades financeiras e a influência do dinheiro no processo eleitoral. Ela ressaltou a importância do engajamento social e da mobilização de ideias e pessoas nas campanhas, assegurando que todas e todos no partido têm responsabilidades e desafios no processo eleitoral.

Lançamento da cartilha “Caravana Mulheres pelo Brasil”

Antes de encerrar sua fala, Dani anunciou o lançamento da cartilha “Caravana Mulheres pelo Brasil”, resultado das edições da caravana nacional, que estará disponível no site do PCdoB. A cartilha aborda temas como o feminismo emancipacionista e popular, o financiamento de candidaturas femininas, a violência política de gênero e raça, e o uso estratégico das redes sociais na política. O objetivo é fortalecer a organização das candidaturas femininas e progressistas do partido, buscando superar a sub-representação nas esferas de poder.

A plenária destacou o PCdoB como um partido comprometido com a classe trabalhadora e com todos que combatem o capitalismo no Brasil, reafirmando sua missão de lutar por uma sociedade mais justa e inclusiva nas eleições de 2024.

(por Cezar Xavier)