Em nota, a bancada do PCdoB na Câmara e no Senado repudia a decisão do juiz federal que pediu a prisão preventiva da ex-presidente da Argentina e hoje senadora Cristina Kirchner sob acusação de acobertar “criminoso”s iranianos envolvidos no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). Como Kirchner tem foro privilegiado, o caso precisa ser analisado pelo Senado daquele país. Cristina Kirchner nega as acusações e diz que o governo de Mauricio Macri usa o Poder Judiciário para perseguir opositores.

O chefe do bloco FpV na câmara baixa, Agustín Rossi explicou aos atos de perseguição contra a ex-presidenta e disse que usará todos “os termos políticos, legais e institucionais, tentando buscar todas as garantias”. “Vamos implantar todas as medidas de resistência que tivermos”, disse Rossi durante uma entrevista de rádio Del Plata, na qual denunciou que “há uma caçada” contra aqueles que questionam as políticas do Cambiemos.

Essa perseguição, acrescentou, “é um plano elaborado e orquestrado pelo governo nacional que tem no ‘partido judicial’ o seu golpe de ataque mais incisivo e que conta com a proteção dos principais meios de comunicação”. Além disso, ele denunciou que, por trás da implementação de medidas judiciais de alto impacto, como as tomadas hoje, Bonadio esconde outros problemas políticos e de mídia. “Não devemos esquecer que isso acontece no meio de um debate de várias iniciativas governamentais prejudiciais para o povo argentino”, disse ele em referência às reformas questionáveis ​​trabalhistas, tributárias e previdenciárias que são debatidas no Congresso.

Para Rossi, a decisão de Bonadio de solicitar a privação e detenção do Cristina Kirchner “é o impulso final” de um processo em que, tanto o governo de Cambiemos quanto um certo setor da justiça, “estão brincando com a democracia”. A este respeito, ele indicou que o suposto crime de “traição contra a pátria” em que se baseavam as acusações de detenção são o produto de “um cinismo e um grau de perversão típico da situação em que nos encontramos”.

Comunistas brasileiros classifica pedido como decisão “esdrúxula”

Em nota, os comunistas classificam de “esdrúxula” o pedido do magistrado Claudio Bonadio. “Em pleno 2017, após 23 anos do ocorrido, Cristina está sendo acusada por supostamente acobertar criminosos iranianos envolvidos no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia). Acreditamos que setores do Judiciário argentino usam o cargo para fazer perseguição política. Essa ação faz parte da contraofensiva conservadora na América Latina com o objetivo de perseguir lideranças progressistas da região e retornar com políticas neoliberais”, descreve o texto.

Confira a íntegra da nota:

A Bancada do PCdoB no Congresso Nacional do Brasil vem manifestar repúdio à decisão do juiz federal Claudio Bonadio, que pediu a prisão preventiva da ex-presidente da Argentina e atual senadora, Cristina Kirchner. Como ela tem foro por prerrogativa de função, o caso ainda será analisado pelo Senado daquele país.

A postura do magistrado é esdrúxula. Em pleno 2017, após 23 anos do ocorrido, Cristina está sendo acusada por supostamente acobertar criminosos iranianos envolvidos no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia).

Acreditamos que setores do Judiciário argentino usam o cargo para fazer perseguição política. Essa ação faz parte da contraofensiva conservadora na América Latina com o objetivo de perseguir lideranças progressistas da região e retornar com políticas neoliberais.

Reafirmamos nossa solidariedade e apoio à ex-presidente. Seguiremos firmes na luta para impedir a criminalização de forças políticas que deram valorosa contribuição ao melhorar a vida do povo em seus países.

Brasília, 7 de dezembro de 2017.

Alice Portugal
Líder do PCdoB na Câmara

Vanessa Grazziotin
Líder do PCdoB no Senado