PCdoB ergue suas bandeiras de luta em homenagem a Elzita Santa Cruz
“Aos 105 anos dona Elzita morreu sem ter o direito de enterrar o filho, desaparecido político da ditadura. Sua dor e a persistência na luta em defesa dos filhos, militantes como ela da causa da liberdade em um país vitimado pela covardia da ditadura, se tornaram o retrato de um país que precisa e merece ter o direito à verdade para recontar com propriedade sua história”, destacou a vice-governadora de Pernambuco e presidenta nacional do partido, Luciana Santos. (veja íntegra da nota abaixo).
Para o presidente do Comitê Estadual do partido em Pernambuco, Marcelino Granja, por sua luta incansável pelo reconhecimento da morte do filho e a localização do seu corpo, “sem conseguir seu intento”, dona Elzita Santa Cruz “se converteu num símbolo da resistência democrática, exemplo e inspiração para o nosso povo e para as novas gerações, hoje diante do desafio de defender o Estado de Direito ameaçado pela extrema direita governante”.
“Os comunistas pernambucanos se unem aos familiares e amigos de D. Elzita neste instante de dor e erguem suas bandeiras de luta em sua homenagem”, enfatiza o dirigente na nota. (Veja a íntegra da nota abaixo).
O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, registrou em suas redes sociais: “Perdemos hoje a querida companheira de tantas lutas, Elzita Santa Cruz, mãe do nosso companheiro Fernando (sequestrado e morto pela ditadura militar). Ao longo da vida, mãe de militantes presos e perseguidos políticos, resistiu sempre — altiva e determinada”.
O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também se manifestou sobre a morte de dona Elzita. “É com pesar que recebi a notícia do falecimento de dona Elzita Santa Cruz. Quero prestar minha solidariedade à família e aos amigos dessa mulher guerreira, em especial ao seu filho Marcelo e ao seu neto Felipe Santa Cruz”, disse o governador. Ainda segundo Câmara, a dedicação das causas de Dona Elzita continuará “inspirando”.
Símbolo de luta
Ao comunicar o falecimento da mãe hoje pela manhã, um de seus sete filhos vivos, o ex-vereador de Olinda (PE) Marcelo Santa Cruz, citou Dom Hélder Câmara: “Para ter uma vida longa é preciso ter uma boa causa para lutar”. E dona Elzita teve uma grande e dolorosa causa para lutar. “Era uma guerreira e se tornou um símbolo de luta e determinação. Era uma pessoa lutadora, nunca parou de denunciar o sumiço do seu filho. Ao longo dos seus anos de batalha, ela se tornou mãe de todos os mortos e desaparecidos da época da ditadura militar. Lutou por uma boa causa, em defesa da paz”, disse.
Fernando (foto acima) foi o primeiro a ser preso. Três anos depois foi a vez de Marcelo por sua atuação política, cujo exílio também amargou a vida de Dona Elzita. Ele foi enquadrado no decreto 447, da ditadura militar, e expulso da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco. Morou na Europa e retornou um ano e meio depois ao Brasil. Ele residiu no Rio por dez anos e só pode voltar a Olinda com a anistia. Dois anos depois, a filha mais velha, Rosalina, foi sequestrada por agentes da repressão no Rio de Janeiro em companhia do marido. Na época, ela militava na Vanguarda Armada Revolucionária Palmares.
Causas naturais
Segundo a família, dona Elzita morreu de causas naturais. Completaria 106 anos, no próximo dia 16 de outubro. Seu velório acontece nesta terça-feira, a partir das 16h, na Câmara Municipal de Olinda. A cerimônia de cremação será nesta quarta-feira (26), no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife.
Dona Elzita nasceu em Água Preta, Zona da Mata de Pernambuco, passou a infância em Alagoas e a adolescência em Palmares também na Zona da Mata (Sul) do estado. Aos 21 anos, casou-se pela primeira vez. Seis meses depois ficou viúva. Cinco anos mais tarde, uniu-se ao médico sanitarista Lincoln Santa Cruz e mudou-se para Olinda (PE). Teve dez filhos, dos quais sete estão vivos, além de 28 netos e 24 bisnetos.
Leia a íntegra das notas divulgadas pelos dirigentes do PCdoB.
Luciana Santos: Elzita Santa Cruz, ícone de determinação e de luta*
Com tristeza recebo a notícia do falecimento de dona Elzita Santa Cruz. Uma mulher admirável, grande lutadora pelo direito à memória e à verdade em nosso país. Sua presença entre nós sempre foi motivo de alento e estímulo, um exemplo de determinação, de coragem e de fé em um futuro melhor e mais digno.
Aos 105 anos dona Elzita morreu sem ter o direito de enterrar o filho, desaparecido político da ditadura. E em nenhum dia de sua vida deixou de lutar e erguer sua voz por esse direito.
Sua dor e a persistência na luta em defesa dos filhos, militantes como ela da causa da liberdade em um país vitimado pela covardia da ditadura, se tornaram o retrato de um país que precisa e merece ter o direito à verdade para recontar com propriedade sua história. Sua bravura e desvelo como mãe e mulher ajudaram a construir o Movimento pela Anistia em Pernambuco e a tornaram um ícone de um direito que segue precisando ser plenamente conquistado no Brasil: o direito à verdade sobre os mortos e desaparecidos da Ditadura Militar.
Ao meu amigo Marcelo Santa Cruz, à Rosalina, e toda a família minha solidariedade e meu abraço fraterno.
Elzita Santa Cruz, Guerreira de Pernambuco e do Brasil, Presente!
Luciana Santos
Vice-Governadora de Pernambuco
Presidenta Nacional do PCdoB
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PCdoB ergue suas bandeiras de luta em homenagem a Elzita Santa Cruz
O Partido Comunista do Brasil-PCdoB, através de sua direção estadual, registra com pesar o falecimento, aos 105 anos, de Elzita Santa Cruz,mãe de presos e perseguidos políticos no regime militar, há décadas lutadora exemplar pela Liberdade e pela Democracia.
Elzita teve um filho, Fernando Santa Cruz sequestrado e morto pela ditadura. Desenvolveu por décadas verdadeira cruzada em busca do reconhecimento, pelas autoridades governamentais, da morte do filho e localização do seu corpo.
Jamais conseguiu seu intento. Mas se manteve altiva, corajosa e perseverante, lutando por toda a vida.
Assim, se converteu num símbolo da resistência democrática, exemplo e inspiração para o nosso povo e para as novas gerações, hoje diante do desafio de defender o Estado de Direito ameaçado pela extrema direita governante.
Os comunistas pernambucanos se unem aos familiares e amigos de D. Elzita neste instante de dor e erguem suas bandeiras de luta em sua homenagem.
Marcelino Granja
Presidente estadual do PCdoB
Do Recife, Audicéa Rodrigues.