Falta pouco para o PCdoB realizar a etapa final do seu 15º Congresso, evento máximo de mobilização e debate da militância, desde a base até o Comitê Central, que aponta as necessidades e as principais lutas dos comunistas para o próximo período, além de renovar as instâncias dirigentes. O partido chega à plenária nacional — que tem início nesta sexta-feira (15) e se estende até o domingo (17) — com mais de 33 mil pessoas mobilizadas em todos os estados, em cerca de quatro meses de processo.

O secretário nacional de Organização do PCdoB, Fábio Tokarski, avalia positivamente o processo de mobilização, feito majoritariamente de maneira virtual, apesar das dificuldades impostas pela conjuntura política nacional e pela Covid-19. “Essa situação de pandemia nos forçou a enfrentar uma realidade nova e, apesar dessas dificuldades, nos apropriamos das potencialidades que esse tipo de debate tem hoje. Inclusive, caminhamos para realizar o nosso congresso nacional, reunindo cerca de 800 pessoas de todas as unidades da federação de forma virtual. Então, o debate não foi inviabilizado; pelo contrário, em muitos aspectos foi potencializado e qualificado”.

Na avaliação de Márcio Cabreira, secretário-adjunto de Organização, “conseguimos mobilizar o partido de Norte a Sul do Brasil. E ainda consagramos, nesse período, a vitória pela formação das federações partidárias — que consumiu a direção do partido, sua bancada — e ao mesmo tempo conseguimos realizar o Congresso, com ampla mobilização”.

Envolvimento da militância

Fábio Tokarski relata que foram mobilizadas 33.267 pessoas em todos os estados, no processo de debates iniciado em julho, sobre o projeto de resolução e sobre as diretrizes da plataforma que o partido apresenta para tirar o país da crise. “No projeto de resolução, o centro é o debate do como fazer uma frente ampla, mas também de como unir o povo em defesa da vida, da democracia. Ao longo do processo, fomos envolvendo a militância, primeiro nas bases, nos comitês municipais — nos meses de julho e agosto — com reuniões, plenárias e debates abertos e internos com a militância e também com amigos e vários setores da sociedade”, explicou o dirigente.

Além destes, foram realizados eventos setoriais, como nas áreas da saúde, juventude, mulheres, luta antirracista, trabalhadores, entre outras. “E cada comitê estadual realizou também debates temáticos com lideranças nacionais, discutindo desde a situação do país, a perspectiva da luta pela democracia, até a questão do fortalecimento do partido. Esse debate foi ganhando corpo. Houve reuniões presenciais em determinados municípios, por exemplo, do Maranhão, Acre, Pará e Paraíba. E, por fim, foram realizadas as conferências estaduais durante o mês de setembro até o dia 3 de outubro. Portanto, conseguimos mobilizar militantes no país inteiro, alcançando este número mesmo num período de pandemia”.

Contexto adverso

O secretário de Organização ressaltou que o ambiente político geral, marcado por forte atuação da extrema-direita bolsonarista tanto no mundo virtual quanto real, também influenciou o processo de mobilização. “Há um ambiente de medo, de pressão, de perseguição e de agressão contra a esquerda. Mas a nossa militância vem de longa data e é experiente. Muitos quadros dirigentes lutaram contra o regime militar. Muitos dirigentes têm essa vivência de enfrentar, de não se curvar diante de ameaças”, colocou Fábio Tokarski.

Ele recordou que nos meses de março a junho, a Fundação Maurício Grabois fez uma programação de 19 seminários nacionais, preparando o debate congressual, e em um deles houve uma invasão de militantes de extrema-direita. “Então, esse ambiente de insegurança que paira no país também agride o direito democrático de mobilização e junta-se a isso outra dificuldade que é a questão da crise sanitária, uma situação de medo. Não incentivamos reuniões presenciais — que éramos acostumados, há anos, a realizar — exatamente para proteger a vida”.

Mobilização virtual

Para driblar os problemas impostos pela pandemia e garantir ampla participação, a direção nacional disponibilizou programas de videoconferência para as direções locais. “Progressivamente, a militância foi aprendendo e utilizando essas ferramentas. Tem um aspecto positivo porque acelerou o processo de debates, com abordagens aprofundadas sobre as questões internacionais, a luta sindical, a luta em defesa da saúde, entre outras e, sobretudo, a respeito da necessidade da revitalização partidária”, disse Fábio.

Na avaliação de Márcio Cabreira, o processo do 15º Congresso foi “absolutamente positivo, especialmente frente à conjuntura política que estamos vivendo, e foi coroado com a vitória das federações. Seguramente, o PCdoB sairá do Congresso muito maior do que na fase da preparação”.

Por Priscila Lobregatte