A Comissão Política do Comitê Estadual do PCdoB no Ceará realizou, no último sábado (24), reunião ordinária, tendo como pauta a avaliação do cenário nacional e internacional. Os dirigentes cearenses também debateram questões organizativas, com foco na campanha de recadastramento em meio digital dos filiados do Partido, por meio de aplicativo no celular ou no sítio do Partido na internet.

Na abertura do encontro, Luis Carlos Paes de Castro, presidente do PCdoB-CE, apresentou uma atualização do cenário político tanto a nível internacional, quanto nacional e estadual. O dirigente reforçou que persiste o quadro de crise e instabilidade no mundo, citando o governo norte-americano de Donald Trump, que sofre até ameaça de impeachment, a derrota dos conservadores no Reino Unido, a vitória da direita na França e o fortalecimento das mobilizações populares em Portugal.

Na América Latina, Paes comentou sobre a “pré-guerra civil” na Venezuela, que já contabiliza cerca de 70 mortos; enquanto na Argentina crescem as manifestações contra o atual governo e de apoio à ex-presidente Cristina Kirchner, “indicando uma reviravolta nos rumos do país”.

No Brasil, aponta Paes, o que se vê é o aprofundamento da crise em todos os segmentos. “Apesar de todo o esforço, governo e mídia não conseguem esconder as dificuldades econômicas que o país enfrenta como o aumento do desemprego, queda na renda das famílias, redução do consumo das famílias e do governo, queda nos investimentos e na arrecadação do governo”. Além disso, acrescenta, depois das denúncias que atingiram o centro do governo a situação se complicou ainda mais.

O comunista citou a fragilidade da base de apoio do governo, com saída de alguns partidos e de manifestações insatisfeitas de lideranças antes aliadas. Paes também comentou a derrota sofrida pelo Palácio do Planalto na votação do relatório da Reforma Trabalhista, que foi rejeitada por 10 votos a 9 na Comissão de Assuntos Sociais no Senado, quando vários senadores da base votaram contra Michel Temer. A terceira baixa apontada por Paes é o nível de aprovação que o presidente golpista tem em todas as pesquisas. “Já surgiu até a brincadeira de que 3% não deve ser considerado índice de aprovação, mas margem de erro”, ironiza.

Diante de todo este cenário, considera o presidente do PCdoB-CE, a tendência é de crescimento das mobilizações populares contra as reformas que retiram direitos e em torno das bandeiras do “Fora Temer” e por “Diretas Já”. “Neste momento, reforçamos a importância do empenho e da participação efetiva de todos os comunistas na realização da Greve Geral, que promete parar novamente o país na próxima sexta-feira, dia 30 de junho, contra as reformas de Temer. Temos a oportunidade de construir uma mobilização forte, na capital e no interior”, ratifica.

No Ceará, Paes reforçou a importância da construção do projeto eleitoral para 2018, que é garantir uma forte chapa de candidatos a deputados estaduais, visando à ampliação da participação dos comunistas tanto na Assembleia Legislativa como na Câmara Federal, retomando a segunda vaga. Outra questão que avança internamente é o debate sobre a disputa majoritária, onde o Partido avalia o lançamento de um candidato ao Senado da República. “Além da disputa política, devemos destinar esforços do conjunto dos dirigentes partidários para a reestruturação do Partido. Só iremos avançar no nosso projeto com um PCdoB forte, com funcionamento regular das direções municipais e com a organização dos filiados nas organizações de base, desenvolvendo uma política ampla e muita luta em defesa do Brasil, da democracia e dos direitos sociais”, afirma.

Estruturação partidária

Luís Carlos Paes enfatiza a necessidade de todos os dirigentes, ao mesmo tempo em que ajam politicamente na resistência ao golpe, priorizarem a estruturação do Partido tendo como eixo a realização de um vitorioso 14º Congresso. “O coletivo partidário precisa assumir com determinação esta tarefa, levando em conta a influência que a grande campanha midiática de criminalização da política e dos partidos que atinge, inclusive, nossos filiados e amigos. Esta situação precisa ser superada através de muito diálogo em torno de nosso projeto e propostas, com paciência e flexibilidade, aglutinando os melhores filhos do povo e desmistificando esta onda conservadora”, considera.

Desafios

Paes considera que, de imediato, é preciso que todos os dirigente assumam a tarefa de recadastrar os filiados. No Ceará, a meta é recadastrar cerca de 6 mil filiados. “Ainda estamos distantes dessa meta. Vários dirigentes estaduais e a maioria dos dirigentes municipais no interior ainda não se recadastraram”, lamenta Paes. Pouco mais de 240 filiados já aderiram ao “PCdoB Digital”. “Precisamos intensificar este trabalho nos próximos dias, buscando organizar os recadastrados em bases que tenham reuniões regulares, que contribuam financeiramente com o Partido e desenvolvam uma atividade política cotidiana. Esta não é tarefa fácil, é preciso dedicação de todos os quadros dirigentes e não apenas dos responsáveis pela organização partidária. Vamos trabalhar em ritmo de campanha e garantir a realização das metas durante o processo de debates do nosso 14º Congresso”, ratifica.

Além da reestruturação, Paes considera que a formação e a adesão de novas lideranças à legenda também devem receber a atenção dos comunistas cearenses. “Precisamos de mais gente nova para construir com a gente um futuro melhor para o país”. O presidente do PCdoB-CE destacou o surgimento de novos lutadores do povo. Ele citou as manifestações nacionais pelo “Fora Temer”; o recente Congresso da UNE, com efetiva participação da juventude cearense; e o Congresso Estadual da CTB-CE, realizado também neste final de semana. “Estamos vendo o crescimento de uma militância engajada e entusiasmada”, reitera.

Mais

Durante a reunião foi apresentada a nova ferramenta de comunicação do PCdoB para dirigentes e filiados: o aplicativo do Partido que, através da internet, tem o objetivo de aproximar a direção dos militantes, com informações, notícias, atualizações cadastrais, dentre outras facilidades.

Ao longo do dia foi aberta a fase de intervenções, onde os comunistas puderam debater, opinar, apresentar informes e interagir coletivamente.

De Fortaleza,
Carolina Campos