“As passagens aéreas vão seguir o preço do combustível”, afirmou o novo presidente da Gol, Celso Ferrer, na quinta-feira (14). Com os aumentos sucessivos nos preços do querosene de aviação (QAV) nas refinarias da Petrobras, o preço das passagens aéreas foi o campeão da inflação entre os produtos que mais sofreram aumentos nos últimos 12 meses até junho.

Em um ano, o preço do bilhete aéreo registra alta acumulada de 122,4%, segundo dados do índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE. Só em junho, subiu 11,32%.

“O combustível representava 30% do custo antes. Hoje, está perto de 50%, Não tem como desassociar uma coisa da outra. A gente vai acompanhar o movimento do combustível”, disse Celso Ferrer, que também atua como piloto na companhia, em entrevista ao Correio Braziliense.

Apesar de o país produzir mais de 90% do querosene de aviação que utiliza, o governo Bolsonaro mantém o preço do QAV, assim como os demais combustíveis que são produzidos pela Petrobras, atrelado ao dólar, do petróleo no mercado internacional e mais os custos do importador – política chamada de Preços de Paridade de Importação (PPI).

Em 2022, o querosene de aviação acumula alta de 70,6%, depois de ter subido 92% em todo o ano passado em relação a 2020, segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a partir de dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A Abear também aponta que o combustível de aviação representa cerca de 40% do valor de um bilhete aéreo no país, enquanto a média mundial gira em torno de 20% a 24%.

“O preço [das passagens] subiu tanto porque a Petrobras adota uma política de paridade de preços com o mercado internacional… Nós pagamos no Brasil o combustível com o valor 100% em dólar. Enquanto isso, 90% do querosene de aviação consumido no Brasil é produzido por aqui mesmo”, expôs a contradição o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz.