O presidente da Federação Regionalista Verde Social (FRVS), Jaime Mulet, opinou que a reunião foi “frustrante”

“O governo não dimensiona o que está acontecendo no país e ainda não toma consciência do enorme mal-estar cidadão que tem se expressado nas ruas de todas as cidades do Chile nestes dias. Por isso, suas respostas não são adequadas para esta crise”, afirmou Álvaro Elizalde, presidente do Partido Socialista (PS), ao sair de encontro de integrantes do governo de Sebastián Piñera, com líderes da oposição.

Elizalde declarou ainda que a reunião convocada pela administração de Piñera e realizada na quinta-feira, 31, foi “claramente insuficiente”, acrescentando que “não há nenhuma medida estrutural, nada que resolva os temas de fundo, a privatização de todos os serviços e das aposentadorias”.

A equipe governamental, encabeçada pelos recém-empossados ministros do Interior, Gonzalo Blumel, e da Fazenda, Ignacio Briones, recebeu líderes de vários partidos de oposição no Palácio de La Moneda.

Os diversos dirigentes da oposição, concordam com a avaliação de Elizalde de que no encontro não se avançou nada em temas estruturais, processo constituinte e outras demandas centrais surgidas nas mobilizações.

O presidente da Federação Regionalista Verde Social (FRVS), Jaime Mulet, opinou que a reunião foi “frustrante”. Assegurou que “o governo segue dançando com a música de 15 dias atrás” e que o pessoal que ocupa o palácio de governo, La Moneda, continua se comportando como antes do início da revolta, no dia 14 último.

“Nós entendemos que os partidos cumprem um papel chave, mas é fundamental que o governo dialogue também com as organizações sociais, com o povo que está na rua”, expressou o dirigente da FRVS e assegurou que fizeram enxergar às autoridades que este é um problema nacional, que as manifestações e as demandas sociais estão nas regiões, não só na capital.

O presidente do Senado, Jaime Quintana, do Partido pela Democracia, perguntado sobre o que é que deveria superar a nova Constituição, afirmou: “Um modelo econômico em que a propriedade está em um altar acima do direito à vida. Os direitos das pessoas se subordinam aos do capital, sem a possibilidade de serem socorridas em temas tão sensíveis como a educação e a saúde. Está garantido o negócio, não o bem social”.

“O predomínio desta Constituição é o do mercado. Já ninguém copia o modelo chileno que supostamente nos fazia únicos no mundo: um princípio de Estado subsidiário, marginal”, acrescenta Quintana.

O líder do Partido Radical, Carlos Maldonado, concordou com esses argumentos e disse que a administração de Piñera “tem que ser capaz de dizer que entendeu que o Chile quer uma nova Constituição, um processo constituinte que nos acolha a todos”.

“Se não é capaz (o governo) de dizer essas coisas, que são evidentes, estes exercícios de sentar-nos e escutar-nos não vão ter sentido. Nós viemos, responsavelmente e com sentido republicano, apresentar as propostas novamente. De pensões, de aumento dos salários, de educação e saúde públicas, de impostos aos mais ricos, de subsídios ao transporte, aos medicamentos. As propostas de uma nova Constituição. Mas a responsabilidade a tem o governo, está com Sebastián Piñera”.

Blumel, ministro do Interior, que assumiu seu cargo nesta semana com a função de buscar entendimento para a crise que o país vive, que fez a popularidade de Piñera despencar para o percentual de 14%, o menor da história, disse que o governo está disposto a todo tipo de reformas, mas não citou uma nova Constituição, nem nenhuma medida concreta.

Participaram da reunião os dirigentes do Partido Socialista (PS), Álvaro Elizalde; da Democracia Cristã (DC), Fuad Chahin; do Partido pela Democracia (PPD), Heraldo Muñoz; do Partido Radical (PR), Carlos Maldonado; da Revolução Democrática, Catalina Pérez; do Partido Liberal, Luis Felipe Ramos; e da Federação Regionalista Verde Social, Jaime Mulet.