"Eduardo Bolsonaro não sabe amarrar o cadarço, mas, infelizmente, é filho do atual presidente", diz Orlando

Parlamentares de diferentes partidos no Congresso Nacional reagiram com indignação às declarações do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), acusando a China de praticar “espionagem” na implantação da tecnologia 5G de telefonia celular.

O filho de Jair Bolsonaro disse que o Brasil apoia projeto comandado pelos Estados Unidos e “se afasta” da tecnologia chinesa. “O governo Jair Bolsonaro declarou apoio à aliança Clean Network, lançada pelo governo de Donald Trump, criando uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”, escreveu o deputado no Twitter para logo depois apagar sua publicação.

Em tom duro, a Embaixada da China disse que as declarações são inaceitáveis e falou em “consequências negativas” para os brasileiros em casos recorrentes. Lembrou que as transações comerciais entre os dois países representam 35% das exportações brasileiras, o que representou até outubro uma movimentação de US$ 58,459 bilhões.

Para o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), as declarações do filho do presidente não têm credibilidade, mas atrapalham as relações comerciais entre os dois países. “Eduardo Bolsonaro não sabe amarrar o cadarço, mas, infelizmente, é filho do atual presidente. O que ele diz, embora não mereça crédito, ecoa. E está trazendo problemas com nosso maior parceiro comercial. Espero que os empresários que apoiaram essas bestas humanas lembrem disso”, criticou.

O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), classificou a fala como deplorável. “Irresponsável e covarde. Esse é o deputado Eduardo Bolsonaro, capacho de Trump. Ele publicou mensagem na qual agrediu indignamente a China. Foi rechaçado à altura e o país ameaçado de sanções de quem responde por 33% das exportações brasileiras”, disse.

“Mais uma irresponsabilidade dessa família de transloucados pode levar nossa economia à falência, caso a China retalie essas acusações criminosas com restrições às nossas exportações para lá”, protestou o líder da Oposição na Casa, deputado André Figueiredo (PDT-CE).

A deputada Fernanda Melchionna (PSol-RS) disse que Eduardo Bolsonaro propagou notícia falsa contra a China. “6,8 milhões de testes que poderão ser perdidos, milhões em recursos autorizados para combate à Covid-19 não gastos, disputa ideológica em torno da vacina, que ameaçam a vida, e agora Eduardo Bolsonaro dispara nova fake news contra a China. A extrema-direita tem que ser derrotada!”, escreveu no Twitter.

Na avaliação do senador Fabiano Contarato (Rede-ES), Eduardo Bolsonaro pratica a antidiplomacia. “O filho do presidente exercendo a antidiplomacia que tantos prejuízos vem trazendo ao país. Fustigar o maior parceiro comercial do Brasil custa caro. Até porque o outro lado da moeda, os EUA, elegeu um presidente que não tem alinhamento com Bolsonaro”, lembrou.

 

Por Iram Alfaia

 

(PL)