Na França houve ainda manifestações em Marselha, Lyon, Bordeaux, Nice entre outras - foto - François Mori - AP

Milhares de pessoas participaram de protestos para denunciar o racismo e a violência policial em Paris, Lyon, Marselha e outras cidades francesas, apesar das autoridades terem proibido as manifestações devido à pandemia.

Os atos não foram apenas em resposta ao assassinato do negro norte-americano George Floyd por um policial branco em Minneapolis. Os manifestantes também criticaram o racismo e a impunidade que reinam nas corporações policiais na França. “A França está se afogando em seu racismo. Denunciamos a violência policial e a negação silenciosa das instituições”, disse Lyon Arkya Sedime, membro do coletivo de afrodescendentes.

“Eu ouvi comentários racistas a vida toda”, disse Nadine, 46 anos, executiva de uma seguradora. “Assim é a nossa vida, ser francesa negra não é fácil”, afirmou, assinalando que, apesar da situação de risco com o coronavírus, “quando milhares de pessoas no mundo se dispõem a enfrentar essa injustiça de séculos não podemos ficar em casa”.

Os manifestantes ainda pediram justiça para Adama Traoré, um jovem de 24 anos, filho de imigrantes do Mali, que morreu sob custódia da polícia há quatro anos num subúrbio da capital francesa.

Em Paris, o Ministério do Interior informou que milhares de pessoas, se reuniram na Praça da Concórdia, nas proximidades da embaixada americana e do Palácio do Eliseu. Muitos manifestantes caminharam até a Torre Eiffel.

Em Marselha, a manifestação foi na área do porto. “Não há mais presunção de inocência. Qualificamos as pessoas por seu físico”, disse Ouiam el-Hamdani, estudante de direito. Cléo, que morou na Martinica (ilha francesa no Caribe), revelou que colegas seus negros pedem para ela acompanhá-los até em casa com receio de serem presos pela polícia.

Milhares de pessoas se reuniram no centro da cidade de Lyon (sudeste). Em Rennes (oeste), os participantes formaram uma corrente ao redor de Awa Gueye, irmã de Babacar Gueye, senegalês morto a tiros durante uma intervenção policial na cidade, em 2015. Em Nice, 2.500 pessoas se ajoelharam aos pés de uma estátua de Apolo, em homenagem a Floyd.

Em Bordeaux (sudoeste), pelo menos 3000 pessoas desfilaram com faixas denunciando uma “polícia racista”. No apogeu da passeata, todos colocaram um joelho no chão, gesto que virou a marca das mobilizações por George Floyd, e fizeram um longo silêncio.

Manifestações também aconteceram em Nancy (leste), Béziers (sul) ou Limoges (centro).

Por toda a Europa, dezenas de milhares de pessoas foram às ruas no domingo (7) para denunciar o racismo. Em Bruxelas, Madri, Roma e Budapeste, entre outras grandes cidades, aconteceram protestos de repúdio pelo assassinato de George Floyd.

Em Madri, mais de 3.000 manifestantes – conforme estimativa da polícia local – se reuniram em frente à embaixada dos Estados Unidos, repetindo as últimas palavras de Floyd: “Não consigo respirar”. Também entoaram mensagens como “Não há paz sem justiça”, ou “Vocês, racistas, vocês são terroristas!”.

Roma também foi palco de uma manifestação que se concentrou na Piazza del Popolo, com milhares de pessoas ajoelhadas com punhos erguidos, por quase nove minutos, que foi o tempo, durante o qual o policial manteve o joelho pressionado no pescoço de Floyd, até ele morrer.

Em Bruxelas, cerca de 10.000 manifestantes, segundo a polícia, se juntaram diante do Palácio da Justiça.

Na Holanda, nas cidades de Zwolle e Maastrich, milhares protestaram. Em Budapeste, mais de mil pessoas foram até a embaixada dos Estados Unidos para manifestar seu repúdio ao racismo. Também houve protestos em Copenhague e Estocolmo.