Estimulados pela ação cúmplice e a impunidade do governo de Iván Duque, os paramilitares – milicianos colombianos – encerraram os primeiros 53 dias do ano com a criminosa cifra de 53 lideranças sociais assassinadas, uma a cada 24 horas.
As mais recentes foram as de Esder Pineda Peña e Winston Moreno, ex-combatentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) – hoje convertida no partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum, defensores da paz, da soberania, do desenvolvimento nacional e da distribuição de renda.
Esder foi executado por desconhecidos que invadiram sua moradia em Algeciras, departamento de Huila, onde vivia com a esposa e duas filhas dedicado ao cooperativismo agrícola, junto a outros 18 militantes reincorporados. Winston Moreno foi assassinado da mesma forma em Quibdó, no departamento de Chocó, acompanhado de duas pessoas, ficando uma morta e outra ferida.
Desde que se firmaram os Acordos de Paz, em setembro de 2016, o alvo principal dos paramilitares e do narcotráfico têm sido os militantes das FARC – que já totalizam 202 mortos -, entre as centenas de dirigentes populares e defensores dos direitos humanos.
“Não para a matança movida contra os que assinaram a paz. Só hoje mataram dois companheiros”, condenou as FARC em manifesto, acusando o governo de descumprir compromissos e não garantir a segurança dos antigos guerrilheiros. Em mensagem direta ao presidente colombiano, o novo partido destacou: “Frente a estes 202 mortos não vai mover um dedo, senhor Iván Duque? Governe e faça o que lhe corresponde: a paz!”
Foi encontrado morto o líder indígena Jorge Humberto Alpalá, ex-prefeito de Cumbal, cidade ao sul do departamento (estado) de Nariño. Alpalá estava desaparecido desde a sexta-feira (14), quando fora abordado por desconhecidos enquanto se deslocava junto a acompanhantes que foram agredidos, e levado a rumo desconhecido.
Além destes, nestes poucos dias haviam sido noticiados outros quatro homicídios de lutadores populares: os irmãos Albeiro e Luis Silva Mosquera, integrantes da Guarda Indígena e da Junta de Ação Comunitária da Vereda La Morena, no departamento de Cauca; do líder comunitário Emilio Dauqui, também em Cauca, e de Miguel Ángel Marín Arango, de 17 anos, líder juvenil e cultural da Comunidade 13, em Medellín.
Diante do circo de horrores em curso, defensores dos direitos humanos e da Organização das Nações Unidas (ONU) têm cobrado respostas do governo colombiano, que continua sem agir.