Paraisópolis: Comunistas reagem à barbárie. Ação da PM deixou 9 mortos
Nove pessoas morreram pisoteadas e 12 ficaram feridas depois de ação da Polícia Militar de São Paulo em um baile funk em Paraisópolis, na madrugada do domingo (1º). O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), pré-candidato pelo partido à prefeitura de São Paulo, informou pelas redes sociais eu vai propor uma Comissão Externa na Câmara, em Brasília, para acompanhar a apuração do caso. O parlamentar classificou como “barbárie” a atuação da PM contra a população de uma das maiores favelas do país.
Barbárie em Paraisópolis! É preciso uma apuração rigorosa e punição exemplar contra abusos praticados, que resultaram em 8 mortes. Vou propor uma Comissão Externa da Câmara dos Deputados para acompanhar a apuração dessa brutal violência.
— Orlando Silva (@orlandosilva) 1 de dezembro de 2019
No momento da postagem do deputado estavam confirmadas oito mortes. O número subiu para nove. São todos jovens com idades entre 14 e 23 anos.
Orlando lembrou que a violência do estado é recorrente contra a população pobre e negra e que a situação pode piorar se o Congresso aprovar as mudanças no chamado “excludente de ilicitude”, que basicamente conferem “licença pra matar” aos policiais em casos de GLOs – Operações para “Garantia da Lei e da Ordem”.
Ações assassinas assim têm sido cada vez mais frequentes. É um massacre, genocídio contra a juventude pobre e negra. O Estado só aparece com a ponta do fuzil. Imaginem o que pode acontecer se a excludente de ilicitude passar? Não à licença para matar!https://t.co/6gUg3E98wA
— Orlando Silva (@orlandosilva) 2 de dezembro de 2019
O parlamentar de São Paulo ainda criticou a defesa dos PMs feita pelo governador João Dória (PSDB).
Não foi a PM que encurralou covardemente centenas de pessoas em becos e vielas? Existe uma política de violência disseminada contra as comunidades periféricas. A abordagem nos Jardins é diferente, na periferia é na base da pancada e da bala. Inadmissível!https://t.co/f0hGjp7O63
— Orlando Silva (@orlandosilva) 2 de dezembro de 2019
A deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também se manifestou sobre o caso, pontuando que o massacre contra os jovens de favela e a perseguição ao funk é uma realidade nacional – vivida com intensidade no Rio de Janeiro. Ela exigiu investigação e punição imediata.
INVESTIGAÇÃO E PUNIÇÃO, JÁ!
— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 2 de dezembro de 2019
A dolorosa e inaceitável realidade do massacre nas favelas. A PM de @jdoriajr, como diversos vídeos já divulgados, encurralou jovens em vielas, espancou e torturou na calada da noite. 9 mortos. NOVE. Não só SP, mas o Brasil segue em luto.
— Jandira Feghali (@jandira_feghali) 2 de dezembro de 2019
Versões
Enquanto os policiais dizem ter reagido a atuação de criminosos, que teriam inclusive atirado contra militares e feito frequentadores do baile como escudos humanos, as famílias das vítimas afirmam que a polícia fez uma “emboscada” para acabar com a festa. Frequentadores relataram uso de armas de fogo, bombas de gás e balas de borracha pelos PMs, que teriam também atirado garrafas e batido com cassetetes, além de desferirem socos e pontapés, inclusive em pessoas imobilizadas.
Conforme a reportagem da BBC Brasil, o Baile da 17, como é conhecido, acontece desde o início dos anos 2000 e já chegou a reunir 30 mil pessoas. No dia da ação policial, cerca de 5 mil frequentadores se divertiam no local.