Para senador, Bolsonaro é “fraco, confuso e com falsas crenças”
O senador Otto Alencar, presidente do PSD na Bahia, rebateu as ofensas que Bolsonaro lhe dirigiu por conta da sua atuação na CPI da Pandemia.
“Meus Deus, como um homem tão fraco, confuso, que não sabe diferenciar o real do irreal e com falsas crenças pode tomar por meio do voto a dianteira de um país tão maravilhoso”, escreveu Otto nas redes sociais.
“Agora Otto fica lá posando como o pai da medicina, humilhando mulheres, duas médicas, ameaçando de prender quem não responde sim ou não para Renan Calheiros”, insultou Bolsonaro na sua live de quinta-feira (3).
O senador defendeu sua atuação na CPI da Covid-19. “Vou continuar na minha tese de defender o país dessa insanidade que é o tratamento precoce”, disse Alencar.
A ira de Bolsonaro contra o senador se deve ao fato de Otto ter desmascarado as duas médicas bolsonaristas que foram depor na comissão. São elas Nise Yamaguchi e a Capitã Cloroquina, Mayra Pinheiro.
As duas chegaram para depor na CPI com status de grandes sumidades da medicina, mas o senador, que é médico e conhecedor dos estudos sobre o coronavírus, fez várias perguntas sobre o assunto e elas demonstraram desconhecer o tema. Defendendo na CPI a posição charlatanesca de Bolsonaro, o chamado “tratamento” precoce, a cloroquina como medicamento contra a Covid-19, elas ficaram sem respostas quando o senador mostrou que o remédio não é antiviral para combater o vírus, mas doenças, como a malária.
O medicamento é comprovadamente ineficaz contra a infecção do novo coronavírus, mas foi utilizado para tratar os sintomas da doença no início da pandemia, quando não existiam estudos conclusivos sobre o assunto. Depois a Organização Mundial da Saúde (OMS), através de testes, apontou que o uso da cloroquina contra a Covid-19 é inadequado e pode causar arritmias.
“A senhora não conhece, então, não estava preparada para ser, participar do ‘gabinete paralelo’ quanto tantos que participaram”, disse o senador para Nise Yamaguchi.
“Sobretudo curiosos, advogados e empresários, o Wizard, não sei quem lá, tanta gente aí, uma Arca de Noé tratando da ciência no Brasil, só que não tinha Noé na arca para conduzir a arca”, continuou ironizando Otto Alencar.
Alencar perguntou à Yamaguchi quando foi a “primeira manifestação do coronavírus no mundo”? “Foi em 1964”, respondeu. “Se manifestava como gripezinha, resfriado que as crianças tinham e depois logo passava. Depois, com a mutação virótica — o vírus tem, certo, muitas mutações, já está agora no P-1, pode ter uma outra que venha, tem a mutação indiana”, acrescentou, explicando à médica a origem do vírus, que ela não respondeu.
Otto questionou Yamaguchi: “a senhora sabe a diferença entre um protozoário e um vírus?”. Foi muito constrangedor quando a médica se enrolou ao dar resposta para uma pergunta básica como essa. Daí o ódio de Bolsonaro.
“Há uma diferença muito grande entre o vírus e o protozoário. Nem toda medicação que serve ao protozoário serve para o vírus, está certo?”, afirmou, questionando na sequência Otto.
Otto também mostrou as inconsistências no depoimento da secretária de Gestão do Trabalho e Educação do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina.
Alencar apontou que a secretária se confundiu na classificação da cloroquina como antiviral. “Ela chamou de antiviral, depois se corrigiu, dizendo ‘tem propriedades antiviral’. Mas isso confunde muito a população. Ela tem que saber que não temos ainda medicação para a cura da Covid-19, a única coisa que temos é vacina”, disse o senador.
“Infelizmente, para se manter no cargo, ela defende uma droga totalmente ineficaz para o tratamento da Covid-19, que é o caso da cloroquina”, observou.