Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)

O ministro Marco Aurélio Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), rebateu os ataques que Bolsonaro desferiu contra a decisão do ministro Luís Roberto Barroso, que determinou ao Senado a instalação da CPI da Pandemia em resposta a um mandado de segurança apresentado pelos senadores Jorge Kajuru (Cidadania-GO) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

“Ele esperneou e, para mim, de uma forma descabida, atacando o ministro Barroso. Não constrói. A crítica construtiva, tudo bem, mas ataque?”, disse.

O decano do STF, que se aposenta em pouco mais de dois meses, acrescentou que está na hora de o presidente “arregaçar as mangas” e começar a trabalhar no combate à pandemia do novo coronavírus.

Marco Aurélio relembrou uma lição da infância com o caso: “O exemplo vem de cima. O presidente deve ser um farol para os cidadãos em geral”.

Sobre a decisão, o decano disse que qualquer um dos ministros teria feito o mesmo. “O que não pode é o requerimento atendendo às formalidades legais ficar na gaveta”.

O pedido para instalação da comissão, destinada a apurar as ações do governo federal no enfrentamento da pandemia de Covid-19, foi protocolado em fevereiro e recebeu o apoio de 30 senadores, três a mais do que os 27 necessários para criação do colegiado.

Para Marco Aurélio, Bolsonaro critica Barroso “injustamente”, porque o ministro do STF apenas ordenou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cumprisse a Constituição.

Ele também criticou a postura “negacionista” do presidente diante da pandemia. “Ao invés de ter dado, de início, o bom exemplo, ele ridicularizou [a pandemia]. Gripezinha, quem não sai à rua é marica”, lembrou.