Incêndios eram usados por latifundiários como caminho para expansão de fronteiras agrícolas

“Junto com o Gabinete Ambiental definimos declarar pausa ecológica nas áreas afetadas, se proibirá a venda de terras e tomaremos medidas após os incêndios”, anunciou o presidente de Bolívia, Evo Morales, desde Roboré, no departamento de Santa Cruz, onde funciona o centro de operações de combate às chamas. A proibição acerta um duro golpe naqueles que veem nos incêndios florestais na Amazônia o caminho para a expansão das suas fronteiras agrícolas.

O presidente defendeu “unidade, irmandade e solidariedade” e ressaltou que a redução dos mais de oito mil focos de incêndio em mais de 85% é resultado deste esforço conjunto que envolve a “defesa da Mãe Terra”.  “Nos deslocamos até os locais para ver de perto os avanços que temos conquistado”, acrescentou.

Entre as inúmeras ações concretas para resguardar a biodiversidade, Evo destacou a dedicação das mais de sete mil efetivos das Forças Armadas, da Polícia Boliviana e voluntários que se encontram mobilizados – junto com 362 veículos e 20 aeronaves – agradeceu à comunidade chinesa na Bolívia pela doação de 20 toneladas de alimentos para sua sustentação e a cooperação do Peru, que colocou dois helicópteros à disposição no combate ao fogo.

O principal opositor a Evo – que é candidato à reeleição no próximo 20 de outubro -, Carlos Mesa nada fez para combater incêndios quando foi presidente, atestam os jornais do período, tendo sequer aprovado o orçamento de emergência de 2004. Naquele ano, segundo o “Relatório de incêndios e queimadas na Bolívia – Análise histórica de 2000 a 2013”, da Fundação Amigos da Natureza, foi registrado um recorde histórico nacional com quatro milhões de hectares queimados.

A Agência de Notícias Fides (ANF) informou em 15 de setembro de 2004 que o “governo não aprovou o orçamento de mais de 50 milhões de bolivianos para mitigar as secas, incêndios florestais e as geadas que assolam algumas regiões do país, o que desatou uma crise ambiental com densa fumaça, fundamentalmente no eixo central do país”.

Vice-presidente, Carlos Mesa assumiu em 17 de outubro de 2003, depois da fuga do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada para os Estados Unidos, logo após o massacre que matou 67 pessoas e deixou mais de 400 feridos. Mesa renunciou em março de 2005 diante de uma onda de protestos e intensa convulsão social.