O Produto Interno Bruto (PIB) do setor de transporte caiu 0,1% no acumulado de janeiro a setembro deste ano, em comparação com o mesmo período de 2018, segundo dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT).
No seu relatório “Transportes em Números”, divulgado na quinta-feira (12), a CNT revelou sua frustração perante o baixo desempenho da economia brasileira nos últimos anos.
A entidade destaca que mesmo após o Brasil ter saído tecnicamente da recessão, a demanda por bens e serviços permanece fraca.
“As Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, no 3º trimestre de 2019 (ou seja, quase 3 anos após o fim do período de retração da economia brasileira) o nível de atividade do país ainda estava 3,6% menor que o registrado no período pré-recessão, datado no 1º trimestre de 2014”, afirma a entidade no documento.
Presente em todas as etapas de produção e de consumo da economia, o desempenho do setor de transporte serve com um termômetro para ver se a economia brasileira está indo bem ou mal.
“O transporte é um termômetro crucial da economia. Afinal, transportamos aquilo que é produzido no país. E, apesar de a economia apresentar indícios de leve recuperação, o setor ainda sente os efeitos da recessão econômica, tendo em vista que a procura por serviços de transporte permanece baixa no país”, comentou o presidente da CNT, Vander Costa.
No relatório, a CNT explica que geralmente, quando o PIB brasileiro cresce, o PIB do transporte aumenta um pouco mais; e quando o PIB total* se reduz, o PIB do transporte diminui um pouco mais. A confederação esclarece que isto decorre, essencialmente, por dois segmentos específicos: o transporte terrestre, que inclui os modelos rodoviário e ferroviário; e as atividades de armazenagem e serviços auxiliares, que incluem atividades de apoio a todos os tipos de transportes.
*PIB total é soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços finais produzidos no país.
De acordo com a CNT, a queda de 0,1% no PIB do setor foi puxada pelos ramos de transporte rodoviários, ferroviário e aéreo.
De janeiro a setembro deste ano o segmento de transporte Terrestre retraiu -2,7%, Armazenagem -3,5%, Aéreo: -7,9%, todos em comparação com o ano anterior. Apenas o aquaviário registrou um crescimento de 2,3%, na mesma base de comparação.
Neste quadro, os serviços auxiliares ao transporte foram negativamente impactados, -4,4% no volume de serviços prestados de janeiro a setembro.
No acumulado de janeiro a outubro de 2019, o fluxo de veículos leves cresceu 3,8% e o de veículos pesados cresceu 4,5% – resultando em um crescimento do fluxo total de 4,0%, segundo dados da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR).
No entanto, a CNT alerta que esse desempenho ainda é insuficiente para repor os prejuízos da recessão e devolver o fluxo de veículos ao patamar pré-recessão, datado em 2014.
“O fluxo de veículos leves, em outubro de 2019, estava 1,05% abaixo do nível de 2014; o de pesados, 4,29% abaixo do nível de 2014; e o fluxo total, 2,26% menor do que o de 2014. Portanto, o quadro geral é muito parecido com o da economia total”, disse a entidade no relatório.