Pandemia: Piñera veta ajuda a trabalhadores e Chile faz panelaço geral
Um massivo e barulhento panelaço sacudiu a noite de Santiago e inúmeras cidades chilenas na noite de terça-feira (20) em repúdio à decisão do presidente Piñera de barrar um projeto de lei que permitiria uma terceira retirada de 10% da poupança das aposentadorias.
Convocado pelas redes sociais para as 20h30, o chocalho de panelas e frigideiras retumbou com força, demonstrando a massiva desaprovação à covarde asfixia.
Os protestos contra o modelo de capitalização da Previdência, que está levando os idosos à miséria – uns por não conseguir se aposentar, outros por ganhar menos de um salário mínimo por mês – já vinham desde a chegada da pandemia.
Diante da necessidade emergencial da retirada dos recursos, o governo tem capitulado e se alinhado às Administradoras dos Fundos de Pensão (AFP), grandes grupos privados nacionais e internacionais que potencializam seus lucros às custas da exploração das aposentadorias.
Antes mesmo da pandemia – que já matou mais de 25 mil pessoas – oito a cada dez novos pensionistas do país não conseguiam obter através do sistema, criado durante a ditadura de Pinochet de autofinanciamento, uma aposentadoria acima da linha da pobreza.
A retirada dos fundos de pensão é visto por milhões de pessoas como o salvavidas para enfrentar a precária situação econômica derivada da pandemia – o PIB chileno encolheu 5,8% em 2020 -, frente à precária e escassa ajuda oferecida pelo governo.
Para exigir que sejam socorridos pelo seu próprio dinheiro neste momento de agravamento da pandemia, os idosos e os apoiadores alastraram o panelaço por importantes cidades como Arica, Calama, Viña del Mar, Valparaíso, Concepción, Puerto Montt e Punta Arenas.
Demonstrando que o atendimento à população não é a prioridade, helicópteros policiais sobrevoaram Santiago com as luzes apagadas, enquanto as rádios informavam que vizinhos relatavam como nos bairros e nas principais avenidas da capital eram montadas barricadas e acesas fogueiras, em meio a dezenas de manifestações.