O deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), vice-líder do partido na Câmara, comentou, pelas redes sociais nesta segunda-feira (31) os fatos que marcam esta semana. Entre os temas mais quentes, o parlamentar salienta as amplas manifestações populares ocorridas no sábado (29) contra Bolsonaro; a decisão do presidente de o Brasil receber a Copa América em plena pandemia e a CPI da Covid.

“As manifestações de rua realizados no dia 29 marcam uma inflexão no quadro político, elevando a pressão sobre o governo e trazendo um novo ator para a cena: o povo. Não dá para tapar o sol com a peneira: os atos foram gigantes e superaram até os mais otimistas. A Frente Brasil Popular calculou em quase 500 mil pessoas nas ruas. Aconteceram manifestações em todas as capitais e cerca de 200 cidades. Ou seja: foi grande e capilarizado. Em São Paulo, a manifestação ocupou 10 quarteirões da Av. Paulista, o quádruplo do tamanho do último ato bolsonarista. A verdade é que a indignação popular, há muito latente, não se conteve mais e explodiu. E terá desdobramentos”, analisa Orlando.

O deputado destacou, ainda, que “tão importante quanto o número de pessoas, vale destacar a heterogeneidade presente. Os atos foram convocados por movimentos de esquerda, mas o público era muito mais amplo, mobilizado em defesa da vida e da democracia”.

Orlando também criticou a postura de veículos de comunicação — como os jornais O Globo e O Estado S.Paulo — que resolveram ignorar os atos. “Causou inconformismo, embora não seja uma novidade, que alguns grandes jornais tenham escondido os atos. Um tiro no pé, porque, em tempos de redes sociais, omissões assim repercutem mais que a notícia”.

Na avaliação de Orlando, “a deflagração do movimento de rua coloca o governo nas cordas. O impeachment continua não sendo a principal tendência, mas se as mobilizações continuarem e se ampliarem, pode entrar no radar”.

 

Copa América

Com relação à Copa América, Orlando apontou: “Bolsonaro contratou mais uma crise ao trazer a Copa América para o Brasil neste momento. O disparate provavelmente terá consequências na CPI, capítulos no judiciário e servirá de combustível para novas manifestações”.

Nem bem foi anunciado o evento, destaca o parlamentar, “já há contestações judiciais sobre sua realização. Deve chegar ao STF (Supremo Tribunal Federal). É tão certo quanto o nascer do sol que manifestações ‘Não Vai Ter Copa’ serão convocadas nos próximos dias”.

Na CPI, analisa Orlando, “a polêmica convocação de governadores, que divide o G7, ganha um elemento novo a reunificar oposicionistas e independentes. Depois do caos do apagão de oxigênio e tantas mortes, soa até como provocação colocar Manaus de subsede”.

 

CPI da Covid

Sobre o depoimento da médica Nise Yamaguchi à CPI da Covid nesta terça-feira (1º), Orlando salientou: “Os senadores devem buscar respostas sobre a tentativa de mudança na bula da cloroquina e sobre o ministério paralelo, já que a própria CPI tem provas das reuniões desse grupo”.

Orlando alertou que os senadores “devem tomar cuidado para que a inquirição não vire palanque para a promoção de tratamentos ineficazes. Aliás, seria importante convocar quem obteve lucros fabulosos com a venda desses medicamentos”.

Em outro comentário, o deputado fez referência à reportagem da Folha de S.Paulo  desta segunda-feira (31), que mostra o enorme salto na venda e nos lucros referentes à ivermectina. Segundo o jornal, a receita com a venda do medicamento teve um salto de 1.272% no período de um ano, enquanto a venda cresceu 750% e o lucro foi de R$ 1,6 bilhão. “O follow the money continua imbatível como linha de investigação”, declarou Orlando. O deputado disse, ainda, que “tem gente comemorando muito a pandemia” e enfatizou: “Não é tratamento, é enriquecimento precoce. Tem gato nessa tuba”.

Por Priscila Lobregatte